Uma segunda consequência do processo de 'desenvolvimento' é justamente a criação de uma 'corrida', que já se inicia com líderes (os países 'arquétipos' para o desenvolvimento) e 'atrasados' (os demais, mais lentos). A corrida, ironicamente sem fim e portanto sem possibilidade de reais vencedores ou perdedores, no entanto serve para movimentar mentes, corações e braços rumo ao processo de transformação e para justificar todo tipo de barbaridade e violência (contra a cultura, contra o meio físico, contra a saúde, contra o bem comum), agora sob a égide do progresso. Da mesma forma, a pressa em se desenvolver, motivada pela corrida com suposto fim, se torna um excelente mecanismo para impedir as reflexões, a discussão das consequências e o envolvimento da comunidade no processo de tomada de decisões cujas consequências recairão.
O interessante disso tudo é que 'desenvolvimento' acaba se tornando um conceito coringa, pois sua complexidade inibe reflexões mais profundas, seu sentido positivo estimula as esperanças e, no fim das contas, se molda a qualquer conjunto de idéias. Assim, todo mundo acredita no desenvolvimento apesar de não ter a menor idéia do que ele signifique objetivamente. Um prato cheio para os aproveitadores.
Obviamente há críticos sobre essa idéia de desenvolvimento e alguns deles serão discutidos no próximo artigo.
Espaço inspirado pela "práxis" Paulofreireana em que ação e reflexão são constituintes indissociáveis no processo de ser no mundo.
Páginas do Reflexações
segunda-feira, 29 de junho de 2009
segunda-feira, 8 de junho de 2009
Desenvolvimento - Parte 2
Desconsiderando-se a questão geográfica do nascimento, quais são os fatores de uma nação que atribuem identidade a seus cidadãos? O que nos diferencia, como brasileiros, dos japoneses ou kenianos?
A identidade de um povo é determinada por diversos e complexos aspectos inerentes a sua origem e história e é expressa, entre outros, por meio da arte, música, danças, estética, culinária, cerimôniais, da língua e sua espiritualidade. Tudo isso, em suma, demonstra o conjunto de valores predominantes em um determinado local.
Assim, brasileiros, japoneses e kenianos, além de terem nascido em lugares diferentes, possuem diferentes origens e histórias e isso se traduz na diversidade cultural encontrada entre eles.
Imaginem então que, a partir de 1949, com nascente ideologia do desenvolvimento (vide Desenvolvimento - Parte 1, abaixo), todos esses e outros aspectos identitários de uma nação deixam de ter valor primordial e passam a uma condição secundária e inferior ao projeto de "desenvolvimento" mundial, pautado e medido simplesmente por meio indicadores econômicos em que, em última análise, aquilo que não produz renda não é mais relevante.
Assim, a corrida pela "modernização" faria com que, de tudo o que participava da formação da identidade de um povo, apenas aqueles aspectos capazes de serem transformados em produtos fossem mantidos. Os demais passariam a ser associados à condição de "primitividade", da qual os países agora deveriam se livrar para se "modernizar". Inicia-se, no mundo, uma busca por ocidentalização, ou seja, por aquelas características que agora identificariam o país como "desenvolvido", e uma espécie de envergonhamento por tudo aquilo que não seja ligado à cultura de consumo: paulatinamente, a própria identidade dos povos passam a significar atraso e a resposta para isso, óbvia, é o consumo da cultura dos "avançados".
Assim, o caipira dá lugar ao 'cawboy' e a liquidação à 'sale', sem perceber que a dependência cultural é a ferida por onde a dependência econômica se instala.
Quais outras consequências do processo de transformação do mundo em uma arena econômica? Dê sua opinião.
A identidade de um povo é determinada por diversos e complexos aspectos inerentes a sua origem e história e é expressa, entre outros, por meio da arte, música, danças, estética, culinária, cerimôniais, da língua e sua espiritualidade. Tudo isso, em suma, demonstra o conjunto de valores predominantes em um determinado local.
Assim, brasileiros, japoneses e kenianos, além de terem nascido em lugares diferentes, possuem diferentes origens e histórias e isso se traduz na diversidade cultural encontrada entre eles.
Imaginem então que, a partir de 1949, com nascente ideologia do desenvolvimento (vide Desenvolvimento - Parte 1, abaixo), todos esses e outros aspectos identitários de uma nação deixam de ter valor primordial e passam a uma condição secundária e inferior ao projeto de "desenvolvimento" mundial, pautado e medido simplesmente por meio indicadores econômicos em que, em última análise, aquilo que não produz renda não é mais relevante.
Assim, a corrida pela "modernização" faria com que, de tudo o que participava da formação da identidade de um povo, apenas aqueles aspectos capazes de serem transformados em produtos fossem mantidos. Os demais passariam a ser associados à condição de "primitividade", da qual os países agora deveriam se livrar para se "modernizar". Inicia-se, no mundo, uma busca por ocidentalização, ou seja, por aquelas características que agora identificariam o país como "desenvolvido", e uma espécie de envergonhamento por tudo aquilo que não seja ligado à cultura de consumo: paulatinamente, a própria identidade dos povos passam a significar atraso e a resposta para isso, óbvia, é o consumo da cultura dos "avançados".
Assim, o caipira dá lugar ao 'cawboy' e a liquidação à 'sale', sem perceber que a dependência cultural é a ferida por onde a dependência econômica se instala.
Quais outras consequências do processo de transformação do mundo em uma arena econômica? Dê sua opinião.
Assinar:
Postagens (Atom)