terça-feira, 21 de julho de 2009

Desenvolvimento - Parte 5

Mesmo quando aceitos e considerados como realmente indicativos de 'desenvolvimento', uma análise dos indicadores econômicos ao longo da história demonstram que a possibilidade de mobilidade ascendente na hierarquia capitalista mundial é um fato muito improvável. O autor Giovanni Arrighi, em seu livro 'A ilusão do desenvolvimento' faz essa demonstração, indicando que, em um mundo dividido em um núcleo orgânico, formado por países desenvolvidos, uma semiperiferia, com países emergentes e a periferia pobre, entre 1938 e 1983, apenas Japão e Itália deixaram a semiperiferia para povoar o núcleo orgânico e Coréia do Sul e Taiwan deixaram a periferia pobre para se ingressarem na semiperiferia. Para os demais países as mudanças não se mostraram significativas, apesar de todos os 'efeitos colaterais' já discutidos.
Esses dados demonstram claramente que mesmo economicamente o 'desenvolvimento' é um conceito e uma referência de análise que não se sustenta. O que vocês pensam sobre isso?

terça-feira, 14 de julho de 2009

Desenvolvimento - Parte 4

Há vários autores que são críticos acerca da ideologia do desenvolvimento e de seus indicadores. Neste artigo darei visibilidade para um deles, Celso Furtado, fazendo uso de um de seus livros publicados ainda na década de 70, 'O mito do desenvolvimento econômico'. Como o próprio título da obra já aponta, o autor é bastante enfático na crítica que faz ao que considera um mito. Vejamos um trecho, presente também no livro 'Desenvolvimento Sustentável', de José Eli da Veiga:
"Como negar que essa idéia [de desenvolvimento econômico] tem sido de grande utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de culturas arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o caráter predatório do sistema produtivo?"
Como é muito bem colocado por Celso Furtado, a reboque dos discursos por democracia, liberdade e principalmente modernidade, está na verdade uma proposta de modo de vida que é ambientalmente insustentável (degrada a natureza), socialmente injusto (beneficia uma parcela muito pequena da população) e individuamente insalubre (pois o indivíduo é onde o 'modo de vida' se recai, gerando problemas de saúde física - desnutrição, hipercaloria, sedentarismo - e mental - síndrome do pânico, depressão e outros transtornos). Apesar de promover visivelmente tudo isso, no entanto, a idéia de 'desenvolvimento' permanece como um lugar sagrado que deve ser mantido intocado e inquestionado, vendendo a percepção de um amanhã melhor e entregando outra coisa, para imediatamente se colocar como a solução para a nova condição que se criou.