quinta-feira, 21 de junho de 2012

Rio + 20

É impressionante a avidez da mídia de massa em dizer que a Rio+20 foi um fracasso, uma constatação imprecisa que desvia a atenção das reais raízes da questão: quem fracassou não foi a conferência, mas as lideranças globais de hoje, que não são suficientes para fazer com que os temas socioambientais do mundo causem qualquer modificação nas suas reais preocupações, que são as de refinar as maneiras pelas quais a economia seja a única merecedora de qualquer atenção e credibilidade.
E sorte deles que a Europa passa por uma crise econômica! Em 2001, na conferência de Joanesburgo (a Rio + 10), foi o terrorismo internacional que cumpriu esse papel. Lá a delegação norte-americana fez todos os esforços para banalizar "meio ambientes" e sociedades em nome de uma convergência global contra o terrorismo. Então parece que a medida se repetiu.  
A avaliação do fracasso decorre também daqueles que desconsideram completamente os movimentos que ocorreram durante a Cúpula dos Povos, que reuniu, ela sim, povos (no plural) e suas agendas, receios e aspirações. Apesar das dificuldades provenientes desse pluralismo, ela (a Cúpula) não o negou. Pelo contrário, enfatizou. Trouxe tudo aquilo que a primeira deixou de fora, que agora (diferente da Eco-92), foram coisas demais.
Me pareceu (ah, estive lá, então falo a partir do que vi) que mais e mais os resultados das análises feitas convergem para uma constatação, a de que a democracia representativa há muito não é capaz de considerar o bem comum e nem de propiciar para os representados as concretizações de suas promessas. O espaço entre gente comum e tomadores de decisão ficou grande demais e nada mais explícito para comprovar isso do que o distanciamento entre a Cúpula dos Povos e o evento oficinal. As aspirações da primeira (felicidade, cuidado, diálogo, humanidade, biodiversidade, direitos, justiça e outros) não existem para a segunda! Diria ainda que os povos da primeira não existem para a segunda.
O evento oficial, este sim, simboliza o fracasso com tudo de mais perverso: para um modelo civilizatório definido no pós-segunda guerra que não cumpriu com suas promessas (basicamente a de que o crescimento econômico traria a redenção para todos), oferecem mais do mesmo: o crescimento econômico será a nossa redenção. Está ficando chato já, de tão simplória, senão embaraçoso, defender essa ideia, depois de 60 anos de experiência malograda.
Apoiados na ignorância generalizara, pela incapacidade de compreensão e, finalmente, pelas denúncias banalizadoras (quem vai querer se interessar por um assunto fracassado?), propõem que a economia deve ser defendida a qualquer custo e que não podemos nos dar ao luxo de pensar na questão ambiental.
Pergunto para o leitor: em algum momento da história tivemos nós aqui no Brasil ou teremos no mundo uma condição de bonança econômica? Não! As crises são fundamentais para que as medidas sacrificadoras de povos e ambientes sejam apoiadas por esses mesmos povos. Assim, ao invés de esperarmos para investir na questão ambiental quando tivermos uma condição que nunca, de fato, chegará, é preciso dar oxigênio à ideia de que devemos considerar as questões ambientais a despeito dessas crises, porque senão precisaremos, cada vez mais, de nos esforçar criativamente para inventarmos, a cada 10 anos, uma desculpa para não fazê-lo.
Como li lá durante uma passeata contra os retrocessos da legislação ambiental brasileira (a marcha a ré), quando os povos lideram, os líderes seguem!
 

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Lançamento de Coletânea

Olá, convido a todos para o lançamento da coletânea abaixo. 
Sábado, dia 25 de fevereiro
Livraria da Vila, Vila Madalena, SP.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sacolas Plásticas

Aproveito algumas expressões de descontentamento em relação ao fim das sacolas plásticas em vários supermercados do estado para tecer uns poucos comentários, defendendo o porquê que o seu uso deve ser reduzido (e portanto concordando com a política).
Primeiro, gostaria de esclarecer que há uma diferença entre sacolas plásticas de supermercados e outras embalagens plásticas. A sacola podemos escolher, e as embalagens plásticas não. Com o tempo, acredito que essa tendência se estenda a outros tipos de materiais. Não eliminaremos os plásticos da vida (e nem as sacolas plásticas), mas o caminho será na racionalização do seu uso, contabilizando inclusive, para isso, os custos ambientais que promovem.
Abaixo alguns dados que devem ter sido usados para justificar essa política:
Primeiro, porque no mundo são produzidas cerca de 500 bilhões de unidades a cada ano (1,4 bilhão por dia ou 1 milhão por minuto). No Brasil, são consumidas 1 bilhão de sacolas todos os meses (média de 66 sacolas por habitante por ano).
Esse nível de produção e consumo indica que o seu uso passou a ser indiscriminado e irresponsável. Ora, mesmo aqueles que alegam que dão finalidade para essas sacolas em suas casas (como eu, é verdade), nenhum de nós é capaz de consumir 66 sacolas por ano/pessoa!!! O que sobra é um absurdo, que vai, no Brasil, com sorte, para os locais de destinação final de lixo (dos quais, infelizmente, 75%, são lixões a céu aberto, ou seja, elas ficam soltas na natureza). E lembre-se que as sacolas plásticas praticamente não possuem valor comercial para catadores, que não vão, portanto, recolhê-las.
Há vários artigos que podem ser encontrados na net, hoje em dia, que demonstram que em alguns locais do planeta, a massa de plástico encontrada por metro cúbico de água dos oceanos é maior do que a massa de fitoplâncton da região (que são os microorganismos que produzem o oxigênio que respiramos). Isso é uma catástrofe, pois estamos pavimentando o fundo dos oceanos (porque todo plástico acaba descendo) com plástico.
Agora, algumas dicas já testadas por mim ao longo do tempo: carrego um conjunto de sacolas retornáveis no porta-malas do meu carro há mais ou menos 12 anos, junto com uma caixa de papelão (que pego nos mercados). Essa mudança nunca me causou nenhum problema e nem custo extra, já que em geral temos dessas sacolas/mochilas em casa, lá naquele quartinho dos fundos, bem atrás das teias de aranha e poeira (e as caixas são gratuitas). É só lavar com frequência e tá tudo bem. Portanto, não é necessário também sair comprando sacolas retornáveis nos supermercados!!!!
Um dado curioso, é que como trabalho com meio ambiente, ouço repetidas vezes reclamações de que as mudanças, para ocorrerem,  "tem que pegar no bolso, senão ninguém muda". Aí quando surge a possibilidade de uma mudança que pegue no bolso (só vai pegar de quem não é criativo, no geral), as pessoas reclamam novamente! Não deslegitimo as reclamações, apenas acho curioso.
Por fim, estou também interessado em ver como a população vai se adequar a essa mudança a médio prazo. Espero, sinceramente, que ela "pegue", pois o meio ambiente em geral, certamente os oceanos, e eu como alguém que gosta de surfar (e portanto encontro muito dos nossos sacos plásticos lá), agradeceremos.

Obs: A (péssima) qualidade do ambiente em que vivemos decorre das nossas ações. Se não mudarmos (de fato, fazermos diferente), ela não vai mudar. Ou seja, vai, para pior!!!


Gostaria de ouvir opiniões de quem leu até aqui sobre a questão. Deixe seu recado. Acima compartilho com vocês um conjunto de sacolas interessante que eu comprei (este sim, comprei), há uns 5 anos, para meus pais. Um conjunto interessante que se acopla aos carrinhos dos supermercados e que traz sacolas unidas por velcro, portanto que podem ser separadas e usadas individualmente. Muito práticas e que já economizaram, na sua vida útil, muitas sacolas plásticas.






Sacolas Plásticas

Aproveito algumas expressões de descontentamento em relação ao fim das sacolas plásticas em vários supermercados do estado para tecer uns poucos comentários, defendendo o porquê que o seu uso deve ser reduzido:
Primeiro, porque no mundo são produzidas cerca de 500 bilhões de unidades a cada ano (1,4 bilhão por dia ou 1 milhão por minuto). No Brasil, são consumidas 1 bilhão de sacolas todos os meses (média de 66 sacolas por habitante por ano).

Esse nível de produção e consumo indica que o seu uso passou a ser indiscriminado e irresponsável. Ora, mesmo aqueles que alegam que dão finalidade para essas sacolas em suas casas (como eu, é verdade), nenhum de nós é capaz de consumir 66 sacolas por mês!!!