quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Entre tropas, elites, bois e a eleição.

"Quando dois elefantes brigam, quem paga é a grama".
Me aproprio dessa idéia de Zygmunt Bauman para escrever o texto abaixo.

De que desviam os dois candidatos à presidência quando jogam no lixo todo o tempo existente para esclarecer o povo sobre seus projetos (se é que existem) políticos e insistem em uma lastimável demonstração de pobreza de recursos de todo tipo (educacional, respeito, dignidade etc)? É isso aí que vai governar o país amanhã? É com o tipo de "visão estratégica" do palavrão, do dinheiro da cueca, da compra de votos para reeleição, do mensalão, que o Brasil vai se "desenvolver"?  Essas são as duas grandes "visionárias lideranças" que nos levarão rumo à utopia?
O teatro está aí para quem quer assistir (e aqueles que não o fizerem, não perdem nada). Enquanto isso, seguidores bovinos com enormes tapa-olhos botam lenha na fogueira. O que ganham com isso? 15 minutos de fama? Um carguinho de terceiro escalão? Uma bolsa alguma coisa? Uma concessão?
Debaixo disso tudo, meus amigos, nós.
Esta pseudo-confusão só tenta desesperadamente esconder as duas mediocridades (e não falo aqui apenas dos candidatos, mas de seus partidos também) entre as quais temos que escolher.Não duvidaria se essa confusão fosse, de fato, combinada entre eles. Fico imaginando a conversa bem humorada entre eles em um churras: "ha, ha, ha, você viu a ovada? Aposto que vai ficar horas na mídia".
No final, vão ficar se justificando que não tiveram tempo para nada, que "infelizmente" não conseguiram discutir suas honrosas e dignas propostas por conta da selvageria "do outro". E dá-lhe aplausos bovinos, sorrisos, camisetas, bonés, bonequinhos e cores para o céu. 
O filme "Tropa de elite 2" mostra muito didaticamente como que as pequenas corrupções diárias, de todos, se articulam com os interesses daqueles que buscam posições poderosas para satisfazerem seus interesses.
São impressionantes as tentativas de se promover a própria santidade sem nem conseguir esconder o sangue nas mãos. "Não sei de nada. Não sei de quem é o sangue aqui nas minhas mãos e escorrendo pelos meus dentes. Não sei, não vi, mas se souber, vou tomar as devidas medidas".
Lastimável, simplesmente lastimável.
Múúúúúúúúúúú!!!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ano Internacional da Biodiversidade

Teve início na manhã desta segunda-feira em Nagoya, no Japão, a décima edição da Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP-10).A Conferência deverá inundar, nos próximos dia, a mídia com reportagens a respeito da situação global da biodiversidade. Finalmente um pouco de oxigenação em um assunto que ficou asfixiado pela quase exclusividade das discussões relativas às emissões de carbono. É claro, emissões de carbono lidam com interesses de enormes corporações e grupos políticos e permitem a mitigação do problema usando-se a mesma tecla de sempre: os investimentos em tecnologia. Assim, ganham empresas e países que detém as tecnologias.
Agora não, a perda da biodiversidade decorre de um modo de vida e da colonização da natureza pela artificialidade. Preservar e conservar a biodiversidade afeta diretamente os discursos desenvolvimentistas que pregam que os problemas do mundo (pobreza, meio ambiente etc) serão resolvidos com uma dose mais forte do mesmo remédio sendo ministrado há 60 anos. Não tem jeito, preservar é preservar. É deixar lá. É encontrar formas criativas e alternativas de relação. Espero que a cobertura da conferência seja do mesmo tamanho que o problema requer.