Como professor, tenho ouvido bastante falarem sobre a geração Y. A mensagem é, em geral, contraditória: o tom da conversa coloca, ao mesmo tempo, essa geração como uma ameaça às demais por suas qualidades (cultura de redes, habilidades com informática, desapego etc, etc, etc) mas a ênfase maior recai sobre suas limitações (são intolerantes e impacientes, têm dificuldade para se concentrar etc). É claro que o interesse razoavelmente velado aqui é: como os professores devem lidar com essas limitações de forma que as salas de aula, e portanto as instituições de ensino, não se esvaziem. O resumo dessa geração parece se corporificar no Twitter: mensagens curtas, lineares e descartáveis e sem um rumo certo.
Pois bem, aí me lembro também do Edgar Morin que, em mais de uma oportunidade, coloca que no mundo não existe o simples, apenas o simplificado: como é que essa geração vai lidar com a complexidade do mundo sem serem capazes de se concentrar, de rebuscar o pensamento e a comunicação? Uma resposta para isso, pelo menos temporária, parece ter-me surgido um dia desses: indivíduos e grupos, em meio a esse oceano chamado de geração Y, devem estar sendo pacientemente formados com todos os "diferenciais" (a concentração, a paciência, a tolerância) necessários para se compreender a complexidade do mundo e da vida. Ao meu ver, esses serão os criadores de tendências, os líderes. Os demais, continuarão seguindo, fazendo comentários inteligentes cada vez mais curtos sobre o mundo em sua volta.