Há vários autores que são críticos acerca da ideologia do desenvolvimento e de seus indicadores. Neste artigo darei visibilidade para um deles, Celso Furtado, fazendo uso de um de seus livros publicados ainda na década de 70, 'O mito do desenvolvimento econômico'. Como o próprio título da obra já aponta, o autor é bastante enfático na crítica que faz ao que considera um mito. Vejamos um trecho, presente também no livro 'Desenvolvimento Sustentável', de José Eli da Veiga:
"Como negar que essa idéia [de desenvolvimento econômico] tem sido de grande utilidade para mobilizar os povos da periferia e levá-los a aceitar enormes sacrifícios, para legitimar a destruição de formas de culturas arcaicas, para explicar e fazer compreender a necessidade de destruir o meio físico, para justificar formas de dependência que reforçam o caráter predatório do sistema produtivo?"
Como é muito bem colocado por Celso Furtado, a reboque dos discursos por democracia, liberdade e principalmente modernidade, está na verdade uma proposta de modo de vida que é ambientalmente insustentável (degrada a natureza), socialmente injusto (beneficia uma parcela muito pequena da população) e individuamente insalubre (pois o indivíduo é onde o 'modo de vida' se recai, gerando problemas de saúde física - desnutrição, hipercaloria, sedentarismo - e mental - síndrome do pânico, depressão e outros transtornos). Apesar de promover visivelmente tudo isso, no entanto, a idéia de 'desenvolvimento' permanece como um lugar sagrado que deve ser mantido intocado e inquestionado, vendendo a percepção de um amanhã melhor e entregando outra coisa, para imediatamente se colocar como a solução para a nova condição que se criou.
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