quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Geração Y

Como professor, tenho ouvido bastante falarem sobre a geração Y. A mensagem é, em geral, contraditória: o tom da conversa coloca, ao mesmo tempo, essa geração como uma ameaça às demais por suas qualidades (cultura de redes, habilidades com informática, desapego etc, etc, etc) mas a ênfase maior recai sobre suas limitações (são intolerantes e impacientes, têm dificuldade para se concentrar etc). É claro que o interesse razoavelmente velado aqui é: como os professores devem lidar com essas limitações de forma que as salas de aula, e portanto as instituições de ensino, não se esvaziem. O resumo dessa geração parece se corporificar no Twitter: mensagens curtas, lineares e descartáveis e sem um rumo certo.
Pois bem, aí me lembro também do Edgar Morin que, em mais de uma oportunidade, coloca que no mundo não existe o simples, apenas o simplificado: como é que essa geração vai lidar com a complexidade do mundo sem serem capazes de se concentrar, de rebuscar o pensamento e a comunicação? Uma resposta para isso, pelo menos temporária, parece ter-me surgido um dia desses: indivíduos e grupos, em meio a esse oceano chamado de geração Y, devem estar sendo pacientemente formados com todos os "diferenciais" (a concentração, a paciência, a tolerância) necessários para se compreender a complexidade do mundo e da vida. Ao meu ver, esses serão os criadores de tendências, os líderes. Os demais, continuarão seguindo, fazendo comentários inteligentes cada vez mais curtos sobre o mundo em sua volta.   

6 comentários:

Unknown disse...

Como bem citado Morin, a resposta também nao poderia ser, em seu limite, tampouco simplificadora.
Ainda que desconectados da complexidade da Vida, esses jovens reinventaram tendencias de se relacionar com o mundo, redescobrindo novas relações e escolhendo suas ferramentas. Importante pra essa reflexao é ampliar a dimensao do fato, contextualizado num tempo e espaço e daí percebemos, de forma mais próxima e sensivel,que esta geração é uma resposta, um ruído nesse turbilhao de novidades tao efemeras e tao concretas. Embora vejamos como lineares, desapegados...esta geração se coloca irreverente justamente tb pq contrariou algo linear, vem trazendo ressignificações á complexificação urgente da Vida...

E nesse bla bla bla...
Continuemos complementares, apesar d opostos...

Abraços e carinhos pela reflexão.

Daniel Fonseca de Andrade disse...

Muito bom seu comentário, Camila. Concordo com você. Meus pensamentos aqui não são focados na geração em si, mas justamente na tradução superficial que tem sido feita dela nos eventos nos quais tomo parte. Há uma mensagem escondida nisso que é que, no final das contas, em nome da clientela, precisamos facilitar as coisas para não alcançar suas intolerâncias. Apesar do contexto global, prefiro nem estigmatizar as pessoas dentro de uma geração, justamente porque, em contato com ela, percebo a diversidade. Obrigado pela sua presença aqui e vamos construir juntos.

Unknown disse...

Boa...tb visualizo por esta ampla luneta...
E aproveitando o compartilhar, a ONG IBIRÉ mantém suas ações aqui em RP hoje em dia?
Obrigada..

Daniel Fonseca de Andrade disse...

Oi Camila, não. A ONG está em processo de mudança de diretoria e de foco de projetos. Deve levar algum tempo para que os projetos sejam retomados. Mas há outras.

Unknown disse...

Oi Daniel, desculpe a demora.
Ma então, há outros projetos na ONG vc quis dizer!?

Obrigada

Daniel Fonseca de Andrade disse...

Na prática no momento não. No momento estão em processo de passagem de "bastão" burocrático. O que levará um tempo. Mas há outros projetos em andamento. Por que não me manda um email - dfa@usp.br - e te dou maiores detalhes. Com que tipo de projeto você gostaria de trabalhar?