quarta-feira, 16 de março de 2011

Tsunami

Várias foram as reações, aqui no Brasil, com da tragédia ocorrida no Japão. Perplexidade diante da força e dimensão do Tsunami, tristeza pelas perdas ocorridas e que ainda ocorrerão, consternação. Mas outro dia me deparei com uma que me causou certa estranheza: expressões de indignação com o fato do fenômeno natural ter tido tamanha destruição em um país "de primeiro mundo, avançado tecnologicamente como o Japão, acostumado aos terremotos e Tsunamis". Pois é, estamos acostumados com as tragédias humanitárias nos cantos "pobres" do mundo, onde são "mais facilmente explicáveis" e por isso menos impactantes. 
A fala em questão faz alusão ao cerne do pensamento ocidental, que ao longo dos últimos 400 anos difundiu a crença (mais arraigada do que nunca, ao que parece) da separação do homem em relação à natureza e, mais importante, ao controle do primeiro à segunda.
A revolução científica nos avançou em tecnologia. Com essa, conseguimos de forma brutal transformar a natureza. Acreditamos, no entanto e de forma abslutamente ingênua, que transformações significavam controle. Ora, passados 400 anos começamos a colher evidentes demonstrações da nossa ingenuidade pretensiosa. Estão aí as mudanças climáticas em ocorrência e não temos a menor noção de como lidar com elas.
A ingenuidade do controle alcançou, a partir dos dizeres acima, o status de controle total. Como se o ápice da tecnologia atual fosse suficiente para nos oferecer uma leitura completa dos fenômenos da natureza. Ledo engano (e continuamos a apostar cegamente neste engano por benécies econômicas). Por princípio, há e sempre haverá, não importa o nosso nível de "avanço", um residual (que pode ser, como a palavra indica, pequeno, ou pode ser pequeno simplesmente porque não conseguimos de fato mensurar sua dimensão real) de incerteza.
E essa incerteza é que impede que as nossas transformações da natureza não se tornem controle. São elas (as incertezas) que indicam que, sempre, alguma pequena coisa pode ter ficado para trás e que, um dia, nos pregará uma pequena (ou enorme) peça.

Homens e mulheres, como natureza, são absolutamente vulneráveis. O avanço tecnológico pode reduzir essa vulnerabilidade, mas não nos livrar dela, não o tempo todo.
Avançaremos sobremaneira na lida com a natureza quando formos capazes de, culturalmente, diminuir a nossa extrema arrogância e reconhecer que, no final das contas, a nossa "supremacia" vai até onde começa a de outros.
Aproveito para deixar aqui os meus sentimentos para aqueles que estão enfrentando toda a tragédia lá no Japão e também outros, espalhados pelo mundo, mais próximos ou distantes dos primeiros, que como eu esperam que as notícias que recebam sejam as melhores possíveis.

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