terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Sacolas Plásticas

Aproveito algumas expressões de descontentamento em relação ao fim das sacolas plásticas em vários supermercados do estado para tecer uns poucos comentários, defendendo o porquê que o seu uso deve ser reduzido (e portanto concordando com a política).
Primeiro, gostaria de esclarecer que há uma diferença entre sacolas plásticas de supermercados e outras embalagens plásticas. A sacola podemos escolher, e as embalagens plásticas não. Com o tempo, acredito que essa tendência se estenda a outros tipos de materiais. Não eliminaremos os plásticos da vida (e nem as sacolas plásticas), mas o caminho será na racionalização do seu uso, contabilizando inclusive, para isso, os custos ambientais que promovem.
Abaixo alguns dados que devem ter sido usados para justificar essa política:
Primeiro, porque no mundo são produzidas cerca de 500 bilhões de unidades a cada ano (1,4 bilhão por dia ou 1 milhão por minuto). No Brasil, são consumidas 1 bilhão de sacolas todos os meses (média de 66 sacolas por habitante por ano).
Esse nível de produção e consumo indica que o seu uso passou a ser indiscriminado e irresponsável. Ora, mesmo aqueles que alegam que dão finalidade para essas sacolas em suas casas (como eu, é verdade), nenhum de nós é capaz de consumir 66 sacolas por ano/pessoa!!! O que sobra é um absurdo, que vai, no Brasil, com sorte, para os locais de destinação final de lixo (dos quais, infelizmente, 75%, são lixões a céu aberto, ou seja, elas ficam soltas na natureza). E lembre-se que as sacolas plásticas praticamente não possuem valor comercial para catadores, que não vão, portanto, recolhê-las.
Há vários artigos que podem ser encontrados na net, hoje em dia, que demonstram que em alguns locais do planeta, a massa de plástico encontrada por metro cúbico de água dos oceanos é maior do que a massa de fitoplâncton da região (que são os microorganismos que produzem o oxigênio que respiramos). Isso é uma catástrofe, pois estamos pavimentando o fundo dos oceanos (porque todo plástico acaba descendo) com plástico.
Agora, algumas dicas já testadas por mim ao longo do tempo: carrego um conjunto de sacolas retornáveis no porta-malas do meu carro há mais ou menos 12 anos, junto com uma caixa de papelão (que pego nos mercados). Essa mudança nunca me causou nenhum problema e nem custo extra, já que em geral temos dessas sacolas/mochilas em casa, lá naquele quartinho dos fundos, bem atrás das teias de aranha e poeira (e as caixas são gratuitas). É só lavar com frequência e tá tudo bem. Portanto, não é necessário também sair comprando sacolas retornáveis nos supermercados!!!!
Um dado curioso, é que como trabalho com meio ambiente, ouço repetidas vezes reclamações de que as mudanças, para ocorrerem,  "tem que pegar no bolso, senão ninguém muda". Aí quando surge a possibilidade de uma mudança que pegue no bolso (só vai pegar de quem não é criativo, no geral), as pessoas reclamam novamente! Não deslegitimo as reclamações, apenas acho curioso.
Por fim, estou também interessado em ver como a população vai se adequar a essa mudança a médio prazo. Espero, sinceramente, que ela "pegue", pois o meio ambiente em geral, certamente os oceanos, e eu como alguém que gosta de surfar (e portanto encontro muito dos nossos sacos plásticos lá), agradeceremos.

Obs: A (péssima) qualidade do ambiente em que vivemos decorre das nossas ações. Se não mudarmos (de fato, fazermos diferente), ela não vai mudar. Ou seja, vai, para pior!!!


Gostaria de ouvir opiniões de quem leu até aqui sobre a questão. Deixe seu recado. Acima compartilho com vocês um conjunto de sacolas interessante que eu comprei (este sim, comprei), há uns 5 anos, para meus pais. Um conjunto interessante que se acopla aos carrinhos dos supermercados e que traz sacolas unidas por velcro, portanto que podem ser separadas e usadas individualmente. Muito práticas e que já economizaram, na sua vida útil, muitas sacolas plásticas.






12 comentários:

Anônimo disse...

Ok.. é poético.. e quem devolve para nós o preço embutido das benditas sacolas? pagamos por elas e agora temos de pagar duas vezes, uma por não receber aquela que pagamos com preço diluido no preço dos produtos e a outra pra comprar a porcaria da sacola nova. Ah, vc disse LAVAR a sacola? pensei que isso gastasse água, mais importante que a economia do plástico.

Daniel Fonseca de Andrade disse...

Rs....o preço embutido é uma questão da população cobrar seus direitos junto aos supermercados. Uma reivindicação válida. Quanto à lavar, basta pegar "carona" na máquina de lavar com outros tipos de pano que são lavados regularmente em casa. Não gasta uma gota a mais. Ou lavar à mão mesmo, sem desperdício. O consumo não será alto porque você não precisa lavar todo dia, principalmente se cuidar bem delas....

Sabrina Mieko disse...

É Daniel,
Quanto mais eu penso sobre isso e vejo o comentário de certas pessoas à respeito, mais eu percebo que todos somos reféns dessa cadeia de consumo (a galera sempre prefere comprar o produto da embalagem mais bonita...) e a maioria nem percebe isso. O que me dá mais nos nervos é quando alguém fala pra trocar por 'degradáveis' (bio ou oxi). Parece aquela desculpa do 'jogo lixo no chão pra manter o emprego do gari' pra aliviar a consciência. No fim a polêmica da sacolinha é só a ponta do iceberg...
E acho que com a pressão da propaganda 'verdinha' a moda vai pegar. Pelo menos ontem quando fui no mercado aqui em Sanca, quase todo mundo estava com suas sacolas.
E com relação a água, salvo algum engano, gasta-se mais pra produzir do que pra lavar a sacola.

Laura Sacconi disse...

Cadê o meu?! :(
Vou de novo: o dado é 66 sacolas/pessoa/ano ou /mês? Se for por mês, é realmente absurdo!
Em relação ao "lavar" a sacola, vale lembrar que a água é um recurso natural renovável, e o petróleo - material das sacolinhas - não é. Claaaro que tudo vai depender da quantidade de uso, o que no caso da água para lavar a sacola, seria ínfima. Temos também a opção de passar um pano úmido - o que acarretaria em lavar o pano...enfim.
Vamos ver no que isso vai dar!
Grande abraço e saudades! Laura Vidotto (OCA)

Anônimo disse...

Em belo horizonte, onde moro, sacolas ja nao sao entregues em supermercados a mais de um ano... Um supermercado bacana da regiao disponibiliza uma sacola que tem capacidade para  ate 15 kg por R$ 3,98 ... Metade do preco de um "6pack" de cerveja...  
Ps1- ate agora nada de novidade, nao fosse o fato de as sacolas terem sido desenhadas por Ronaldo Fraga... Sao tao bacanas que nao eh raro ver senhoras de fino trato utilizando-as para carregar compras em shoppings e mocinhas levando-as para o clube...
http://www.sacolasverdemar.com.br/processo-criativo
Ps2- ao amigo preocupado com a agua: como itens nos supermercados estao invariavelmente limpos e secos, as minhas (tenho duas que tb moram no portamalas do meu carro juntamente com uma caixa de plastico dobravel q carrego e uso faz mais de 6anos) , nunca lavei! 
Ps3- lembrem-se de fechar a torneira da pia ao escovar os dentes! Alem de economizar agua, tb economizara os centavos que se gasta a mais nos supermercados quando se deixa de colaborar com os entupimentos de bueiros...
Saravá
Victor

Fabrício Zerves disse...

Lavar sacolas? Só em caso de extrema necessidade. Usar a sacola plástica como invólucro da cestinha de lixo? Assim as pessoas continuãrão com a moda de carregar um mundo de sacolinhas quando de suas compras no mercado. Exigir o desconto do valor das sacolinhas (cujo preço está embutido no valor da compra) é (ou deveria ser) tão normal quanto pagar por sacolinhas novas qdo vc não tem a sua retornável.... Se vc fizer uma compra que exigiria 10 sacolinhas, exija este desconto (referente ao valor das 10 sacolinhas) do valor total de sua compra... Maneiras de ajudar, existem várias e não me venham com a história de que usa sacolinha plástica descartável, que jogando vc estará ajudando a manter o emprego do lixeiro, etc... que é a mesma coisa dizer que vc deveria morrer pra manter o emprego do coveiro...

Vânia Tognon disse...

Concordo que o uso consciente das sacolas plásticas seja necessário, pois a população as usa de forma indriscriminada, mas há outros diversos pontos negativos nessa história toda da "retirada das sacolinhas dos supermercados".

1. O dinheiro mensal que seria gasto pelos mercados com a distribuição das sacolas (alguns milhões) não será repassado para os consumidores, e nem serão empregados em nenhum tipo de ação sustentável, oq gera mais lucro para a empresa.

2. As sacolas não eram meramente descartadas, pois 88% das sacolas são reutilizadas no armazenamento do lixo, e agora teremos de comprar 2 tipos de sacolas, os sacos de lixo e as sacolas reutilizáveis.

3. As classes sociais C e D, possivelmente não poderão ter como despeza a compra de sacos de lixo, e este lixo será armazenado a céu aberto, nas caixas de papelão que os supermercados oferecem, trazendo um problema maior de saúde pública.

4. Falando nas tais caixas de papelão que os mercados "oferecem" gratuitamente, nada mais são do que papelões que os mercados deveriam encaminhar para coleta seletiva (oq gera um gasto), e acabam por economizar as dando para a população, ou seja, nós as levaremos pra casa e depois as jogaremos no lixo. Fora que essas caixas, de onde vieram armazenadas as mercadorias, estão geralmente contaminadas, e serão nelas que transportaremos nossos alimentos e produtos comprados.

5. As sacolas não vão parar nos oceanos e no meio ambiente por livre e espontânea vontade, toda essa problemática é causada por todos que jogam lixo em locais inapropriados, e pelos órgãos governamentais que permitem os lixões a céu aberto (de onde as sacolinhas partem sem rumo).

Enfim, concordo que o uso seja racionado, e não há problema algum em levar as compras para casa sem as sacolas, só que essa é mais uma ação comercial, com fundo econômico e especulativo transvestido de causa ambiental. Não é com isso que vamos desafogar o planeta, as mudanças e ações serão eficazes quando vierem primeiramente de cima!

Vânia Tognon

Anônimo disse...

Sinceramente fiquei felicíssima ao fazer comprar no carrefas aqui do lado de casa esta semana e não vi nenhuma sacolinha nos caixas. Vamos combinar que isso demorou muito para acontecer e espero que a ´´moda´´ se espalhe em todo país e inclusive aos mercadinhos.
Quanto ao lavar a sacola é realmente necessári de vez em quando só para se proteger de possíveis bactérias, mas passar um pano com um pouco de álcool também vale.
E ainda reciclando seu lixo, tendo uma composteira em casa, o único lixo seria o de pilhas ou eletrônico que aliás tem os postos de coleta adequado. Olha que sonho um indivíduo com quase zero de produção de lixo.

Daniel Fonseca de Andrade disse...

A Vânia levanta questões importantes e também traz um dado por mim desconhecido, de que 88% das sacolas são utilizadas como recipientes de lixo. Se ler aqui de novo, Vânia, por favor me indique a fonte dessa informação para a gente poder explorá-la melhor.
Quanto à questão da destinação inapropriada pelas pessoas, mesmo aquelas que as destinam corretamente, em cerca de 75% dos casos no Brasil este destino é ainda incorreto, porque elas não para lixões.
Das que sobram, elas têm um outro problema que é praticamente a inexistência de valor econômico, o que faz com que catadores não se dediquem a este material (diferentemente com o que ocorre com as caixas).
Já o uso das caixas pelos supermercados, é claro, desviam para o cliente o serviço de destiná-la. Mas essa é uma tendência da "Indústria ecológica", que é a de fazer com que o resíduo de uma etapa do processo se torne matéria-prima ou insumo na próxima. E o consumido é a próxima etapa na compra. Com a vantagem de que as caixas, se abandonadas nas ruas, possuem valor econômico e tenderão a serem recolhidas.
Por fim, as sacolas não acabarão. Continuarão nas pequenas mercearias, padarias etc. Ou seja, teremos de sobra sacola colocarmos o nosso lixinho!

Anna Paula disse...

Então Daniel...A questão em pauta agora são as sacolas plásticas dos supermercados. Pergunto: Este é o maior problema?
Penso que, antes de tudo, deveríamos nos preocupar com a educação, com a mudança de hábitos e costumes, realizar campanhas de COLETA SELETIVA, garantindo que os resíduos gerados pelos produtos adquiridos nos supermercados sejam encaminhados para a reciclagem. Os supermercados e a APAS deveriam criar condições para que os consumidores possam descartar seus resíduos recicláveis nos próprios supermercados. Posteriormente, estes resíduos seriam enviados as cooperativas e associações de reciclagem.
A critica está sobre a oportunidade que estamos perdendo em fomentar a Educação Ambiental no sentido de implantar definitivamente a Coleta Seletiva em 100% dos Municípios. Não podemos esquecer o elo mais importante desta corrente é a garantia da logística reversa, que é de responsabilidade pública.
Vamos voltar um pouco no tempo. Há mais ou menos 35 - 40 anos, como eram comercializados os produtos de primeira necessidade? O arroz, feijão, açúcar, café, óleo, leite, manteiga? Tudo era vendido a granel; as embalagens eram de papel ou vidro e eram retornáveis.
Então devemos reconhecer que nós cidadãos temos uma grande parcela de responsabilidade em promover a redução destes resíduos, mesmo que estas modernas embalagens proporcionem uma grande praticidade a todos.
Pessoal, não recusem apenas as sacolas dos supermercados como também das farmácias, das lojas de armarinhos, de tecidos, de cosméticos, dos açougues, dos verdurões, não tenham vergonha de RECUSAR RESÍDUOS, “a sustentabilidade começa em nós”.

Simone Crisley disse...

Olá pessoal!!

Dani, muito boa sua postagem!! Ao menos gerou muitas e boas argumentações, fazendo com que as pessoas no mínimo reflitam sobre a questão.

Penso que obviamente as sacolinhas das grandes redes de supermercado não irão salvar o planeta e que há muitas outras ações, até mais importantes, a serem implantadas, principalmente no tocante à políticas públicas e educação.

Mas penso também que racionalizar o uso das sacolinhas pode ser um primeiro grande passo na mudança cultural do nosso país. E sempre que alguma ação implique em mudança a resistência vem como parte intrínsica ao processo.

Tenho lido e ouvido vários questionamentos sobre o real motivo desta mudança: o foco na redução de custo e consequente provável aumento de lucro aos supermercados....obviamente que adoraria viver num mundo em que todos fossem conscienciosos a ponto de simplesmente agirem de modo mais ecologíco, ético, respeitoso e íntegro, mas utopias a parte, hoje penso que pouco importa o fator motivacional das mudanças que venham para melhorar a qualidade de vida neste mundo cão, desde que a ação seja, mesmo que minimamente, efetiva pra mim ta mais do que valendo!!!

Penso ainda que com o tempo essas pequenas ações irão incorporar nossas vidas e como o ser humano é ambicioso e criativo por natureza vai querer sempre mais e assim, quem sabe um dia será possível haver um capitalismo mais consciente e sustentável.

abraços!!
Simone Crisley

Rafaela Custodio disse...

Olá,

Eu amei a descontinuidade das doações das sacolas :)

Acho ótimo a coletivização de ações que eram isoladas e não surtiam efeitos significativos. Mesmo com a finalidade econômica... #éfato que depender da vontade política é cansativo, e depender da sensibilização de cada indivíduo então... As pessoas tem manias, costumes, não aderem, reclamam, não entendem o porquê, não querem entender, é assim mesmo...

Achei interessante a idéia de reverter este valor economizado em ações ambientais. É uma boa reivindicação! Para alarmar a questão apresento um dado: Um mercado pequeno pode economizar em torno de R$150,00 por semana não doando sacolinhas plásticas.

Do ponto de vista ambiental, acredito que os resíduos pode ser o princípio da conscientização ambiental, pois através desta análise podemos refletir sobre o consumo, que é a raíz de muitos males ambientais.