quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A pobreza das defesas políticas

O período das eleições tem se mostrado, no mínimo, interessante. Não digo pela lamentável demonstração dos principais candidatos e seus partidos, mas pelo lado da população.
É impressionante a forma como as pessoas passam a se relacionar com seus candidatos. Nunca viram (a maioria) ao vivo e nem nunca conversaram. No entanto, a medida que o pleito se aproxima, os ânimos fervem.
Pessoas defendem seus candidatos como se defendessem a própria vida. Para tal, fazem uso de um mecanismo pobre de endeusamento. Suas escolhas transformam-se em heróis. São santos absolutos e incapazes do pecado. Seus passados são cristalinos, seus presentes límpidos e seus futuros salvadores.
Os opositores? Representantes do diabo e proponetes de tudo o que é ruim.
Quem perde com isso? Todos nós.
A experiência já deveria ter sido suficiente, para quem tem idade para já ter participado de algumas eleições, que a coisa não é bem assim. Sejamos reais! Todos os candidatos e seus aliados, se tiverem suas fichas, meias e cuecas analisadas, entregarão o caixa 2 da moral, onde seus pecados e atentados contra a população estão profundamente guardados. O oposto, da mesma forma, também vale. Temos alguns políticos famosos por suas caras travessuras mas que, também, deixaram algumas coisas positivas. Já pensou se o cara entrasse lá, ficasse 4 anos e SÓ fizesse coisas ruins?
Não quero com isso parecer pessimista. Prefiro realista. Somos todos assim, em maior ou menor grau, é claro.
A quem serve, então, fingirmos que não? Ao próprio candidato, que é transformado em um ícone superpoderoso e que, posteriormente, caso vencedor, não medirá esforços para utilizar-se desse mesmo poder a sua vontade, muitas vezes contra o bem comum, contra o povo, CONTRA VOCÊ.
Assim, continuem votando em seus candidatos (se possível façam uma busca em suas fichas, cuecas e meias), o defendam, mas não o endeusem. Não votem nele porque não tem erros, mas APESAR dos erros (de preferência, saiba bem quais são esses erros e, se forem muitos e pesados, não hesitem em procurar outra opção melhor).
Os candidatos têm que parar de pensar que o povo é imbecil. No entanto, se não somos capazes de reconhecer isso, que ninguém é santo, então, talvez, é porque eles têm razão.

Um comentário:

Guilherme S. Zufelato disse...

Não só o final do seu texto... mas O FINAL está ótimo! (rs, rs, rs)

Aliás, sobre isso tudo, alguém por aí já dizia mesmo que o Brasil - os brasileiros - adoram um herói, um messias... Vide o atual governo, não é mesmo!?

Talvez tenham, os candidatos, razão, de fato; eles bem sabem desse endeusamento (muito barato!, principalmente pra eles mesmos; caro a nós, e muito!) que, como todo "caso de amor", torna o "amante" cego; é... talvez não apenas a justiça - como diz um velho ditado - seja cega. Os canditados? Estão na deles... nós, os brasileiros, os ajudamos a continuar "melando" a cueca, as meias, também as fichas limpas e por aí vai.

Que mudar o quê...

Grande abraço, belo texto.
Guilherme