quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre conexões e contatos

"É moçada, o importante na vida não é ter dinheiro, é ter crédito".
Essa era uma fala brincalhona muito comum de um colega de faculdade, o Makyia, toda vez que alguém vinha com a novidade de ter conseguido algo pensado como inatingível, por meio da colaboração de outro alguém. Diante dela a gente ria, não entendia muito bem e continuava a viver.

Acabo de receber um email de uma colega que conheci em 2009, na minha participação na Conferência Mundial de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na Cidade de Bonn, na Alemanha. Keamogetse L Magogwe,de Botsuana, a quem carinhosamente nos referíamos como Keam. Como eu, a Keam fez parte de um grupo de 25 pessoas escolhidas em 25 países para formar uma rede de atores em educação e sustentabilidade.

Recebi uma mensagem dela hoje de manhã me agradecendo muito pelo envio de um email, no início do ano, do qual eu nem me lembrava mais. Vou explicar:
Fiz mestrado em Ciência Ambiental na Universidade de South Bank, de Londres. No início do ano, recebi um contato da universidade oferecendo bolsas de estudos para alunos do Commonwealth (associação de territórios autônomos mas que mantêm uma relação política com a Inglaterra por conta de uma herança histórica colonial) e a direcionei para aqueles amigos que conheci no evento, os 25. Não é que a Keam, que se encaixou no perfil desejado, se increveu no processo e conseguiu a bolsa???
Vejam a mensagem dela:

Hi Daniel!

I'm pleased to let you know that thanx to the email that you forwarded to 'young ESd voice' i have been awarded a scholarship for the MSc Education for Sustainabilty by distance learning. this qualification will enable me to successfully mobilise ESD activities in Botswana, something that i have been having difficulty doing.

Thank you very much for making this opportunity possible for me. I hope you are still keeping well.

Regards

Keamogetse L Magogwe
Principal Education Officer II - French
Curriculum Development and Evaluation
Private Bag 501
Gaborone

Resolvi postar este fato aqui no blog porque ele é característico de nossos tempos. Imaginem a probabilidade, 2 anos atrás, disso ocorrer: sermos selecionados para participar de um grupo comum, formarmos uma rede, eu receber uma mensagem da Universidade da Inglaterra e pensar que algúem da rede poderia se interessar e se empenhar no processo, a pessoa se empenhar no processo e conseguir. Resultado: vai fazer um curso de mestrado sem custos (além do empenho que vai ter que ter para cumprir suas atividades do curso, que serão muitas). Relacionamento. Crédito. Makyia na cabeça! Hoje isso faz todo sentido do mundo.

Vivemos em uma realidade que nos oferece uma oportunidade ímpar de conexão. Estamos em conexão com o mundo por meio de cliques. Mas não podemos no enganar! Como diz William Isaacs* , conexão não significa contato. Para termos contato precisamos de algo mais, o contato é uma qualificação da conexão. Precisamos estar atentos e realmente considerarmos os outros, nos lembrarmos dos outros e estarmos a disposição. Uma disposição desinteressada.
Essa disposição desinteressada é que trará vida para as nossas conexões e desenvolverá, nelas, organicidade, tato: con-tato.

E o contato, por si, nos enriquece com o calor da aproximação real. De tempos em tempos, também, pode propiciar mudanças significativas para as nossas vidas, como eu consegui, muito despretenciosamente, propiciar para a Keam.

Aproveitem suas conexões e as transformem em contato. Con-tato!!!

Vocês possuem experiências do tipo? Vamos compartilhar?

Abaixo, uma foto minha com a Keam na Conferência Mundial da Unesco sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável, em Bonn, na Alemanha, em 2009.
* Livro Dialogue and the art of thinking together, de William Isaacs.

2 comentários:

TAngerina disse...

PArabens pelo artigo, pela ajuda pra mina e pela novaa cara no blog.

Guilherme S. Zufelato disse...

Poxa, que massa história Daniel. Muito legal cara.

Abraço
Guilherme