Espaço inspirado pela "práxis" Paulofreireana em que ação e reflexão são constituintes indissociáveis no processo de ser no mundo.
Páginas do Reflexações
quarta-feira, 9 de novembro de 2011
quarta-feira, 26 de outubro de 2011
terça-feira, 11 de outubro de 2011
Você está cansado de quê?
Enquanto vários protestos pululam pelo mundo, articulistas de plantão, ironicamente "plantados" em suas cadeiras começam a buscar formas de deslegitimá-los. Uns requentam os antigos "são protestos sem foco", outros, "é coisa de desempregado", e consciente (os afeitos à "ordem" como ela está) ou inconscientemente (os incapazes de escapar do óbvio) banalizam as ações em andamento.
Mas o que haverá de comum em movimentos que ocorrem no Chile (os estudantes lutando, literalmente, por educação gratuita), nos E.U.A (a população querendo que os custos das peripécias financeiras sejam estendidos, TAMBÉM, aos ricos), na Espanha (os jovens estudantes e várias outras camadas da população também, como no Chile, brigando pela não monetarização da vida como um todo)?
O que está em questão nesses e outros lugares pode ser engatilhado pela crise econômica vigente (crise para uns, oportunidades de encher o *%?!@# de dinheiro para outros - ironicamente, aqueles que edificaram a própria crise), mas quem reduzir suas análises a isso nega o teor profundo que está levando pessoas a sair de casa para enfrentar aqueles que nem sabem quem são: as pessoas estão cansadas! Cansadas de uma lista infindável de coisas, algumas das quais destaco abaixo:
1. Cansadas da mistura entre o público (o Estado em todas as suas formas, Federal, Estadual e Municipal) e o privado (as empresas que colocaram os representantes públicos nos bolsos e, ao fazer, os transformam em funcionários privados - taí a mistura);
2. Cansadas de cumprir aquilo que é dito de cima para baixo pelo Estado em nome do bem para o país e não ver tais ações executadas pelos próprios representantes do Estado;
3. Cansadas de trabalharem em nome de um futuro melhor que nunca chega....e pior, que fica cada vez mais distante;
4. Cansadas de ouvirem as desculpas de sempre sobre os problemas que persistem APESAR dos sacrificios feitos por elas;
5. Cansadas de usar o dinheiro que mal têm para bancar as festas daqueles que têm demais;
6. Cansadas de terem suas inteligências ofendidas por uma justiça ou um judiciário que sempre encontra uma cláusula, uma parágrafo, um inciso que livra o golpista e sua quadrilha (que muitas vezes envolve o próprio judiciário) da punição, "em nome da lei"!
7. Cansadas de serem bombardeadas por uma cultura que diz que temos que ser o número um o tempo todo;
8. Cansadas de terem os rumos das vidas ditados pelos interesses de corporações;
9. Cansadas de tanta falta de rigor e austeridade naquilo que é público, e excesso de rigor e austeridade quando a mesma coisa se refere a elas.
10. Cansadas dos editais públicos serem escritos por empresas privadas que, depois, vão ganhar tais editais;
11. Cansadas do nivelamento por baixo da qualidade daquilo que é oferecido às pessoas.
12. Enfim, cansadas de um conjunto de atrocidades que são cometidas em nome de uma (pseudo) democracia que se construiu como uma gaiola que mantém as pessoas presas, impotentes, do lado de dentro enquanto que a festa rola solta do lado de fora.
Estes são só doze pontos que me vieram a mente em uma rápida chuva de idéias. Enquanto o mundo está em efervescência, a mídia brasileira dá destaque ao Rafinha e a sua infeliz fala. Nós é que sabemos o futuro que queremos. Proteste já!!!
Mas o que haverá de comum em movimentos que ocorrem no Chile (os estudantes lutando, literalmente, por educação gratuita), nos E.U.A (a população querendo que os custos das peripécias financeiras sejam estendidos, TAMBÉM, aos ricos), na Espanha (os jovens estudantes e várias outras camadas da população também, como no Chile, brigando pela não monetarização da vida como um todo)?
O que está em questão nesses e outros lugares pode ser engatilhado pela crise econômica vigente (crise para uns, oportunidades de encher o *%?!@# de dinheiro para outros - ironicamente, aqueles que edificaram a própria crise), mas quem reduzir suas análises a isso nega o teor profundo que está levando pessoas a sair de casa para enfrentar aqueles que nem sabem quem são: as pessoas estão cansadas! Cansadas de uma lista infindável de coisas, algumas das quais destaco abaixo:
1. Cansadas da mistura entre o público (o Estado em todas as suas formas, Federal, Estadual e Municipal) e o privado (as empresas que colocaram os representantes públicos nos bolsos e, ao fazer, os transformam em funcionários privados - taí a mistura);
2. Cansadas de cumprir aquilo que é dito de cima para baixo pelo Estado em nome do bem para o país e não ver tais ações executadas pelos próprios representantes do Estado;
3. Cansadas de trabalharem em nome de um futuro melhor que nunca chega....e pior, que fica cada vez mais distante;
4. Cansadas de ouvirem as desculpas de sempre sobre os problemas que persistem APESAR dos sacrificios feitos por elas;
5. Cansadas de usar o dinheiro que mal têm para bancar as festas daqueles que têm demais;
6. Cansadas de terem suas inteligências ofendidas por uma justiça ou um judiciário que sempre encontra uma cláusula, uma parágrafo, um inciso que livra o golpista e sua quadrilha (que muitas vezes envolve o próprio judiciário) da punição, "em nome da lei"!
7. Cansadas de serem bombardeadas por uma cultura que diz que temos que ser o número um o tempo todo;
8. Cansadas de terem os rumos das vidas ditados pelos interesses de corporações;
9. Cansadas de tanta falta de rigor e austeridade naquilo que é público, e excesso de rigor e austeridade quando a mesma coisa se refere a elas.
10. Cansadas dos editais públicos serem escritos por empresas privadas que, depois, vão ganhar tais editais;
11. Cansadas do nivelamento por baixo da qualidade daquilo que é oferecido às pessoas.
12. Enfim, cansadas de um conjunto de atrocidades que são cometidas em nome de uma (pseudo) democracia que se construiu como uma gaiola que mantém as pessoas presas, impotentes, do lado de dentro enquanto que a festa rola solta do lado de fora.
Estes são só doze pontos que me vieram a mente em uma rápida chuva de idéias. Enquanto o mundo está em efervescência, a mídia brasileira dá destaque ao Rafinha e a sua infeliz fala. Nós é que sabemos o futuro que queremos. Proteste já!!!
segunda-feira, 5 de setembro de 2011
É ilegal e desmata
MARINA SILVA
Na última semana, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) entregou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado seu relatório sobre o projeto do Código Florestal. Não surpreendeu.
Manteve todos os vícios de origem, que agridem a Constituição, trazem insegurança jurídica e incentivam novos desmatamentos. Poderia ter melhorado, agregando contribuições dos cientistas e especialistas ouvidos no Congresso.
Poderia ter esperado a reunião com juristas. Mas não. Passou recibo e assinou embaixo.
Já se esboça operação política para que, rapidamente, esses retrocessos sejam legitimados. No Senado, parece haver articulação entre governo e ruralistas para que se aprove o projeto com rito sumário na CCJ. É o que se depreende da manifestação pública da ministra do Meio Ambiente, sinalizando aprovação ao relatório, e das declarações da presidente da Confederação Nacional da Agricultura à imprensa sobre um suposto acordo com o relator na Comissão de Meio Ambiente, Jorge Viana (PT-AC), para votá-lo até outubro.
As coisas começam a ficar mais claras. Senão, como entender a lamentável decisão de entregar a relatoria de três das quatro comissões que analisam o Código no Senado para um mesmo senador, aquele que fez uma lei estadual flagrantemente inconstitucional, reduzindo a proteção das florestas em Santa Catarina, equívoco que, agora, está propondo para todo o país?
Repete-se o distanciamento entre a posição do Congresso e a vontade da sociedade, acrescido da tentativa de criar a falsa sensação de que o projeto é equilibrado e bom para as florestas. Isso não é verdade.
Nenhuma das sugestões dos ex-ministros do Meio Ambiente foram consideradas.
Tampouco as dos cientistas.
Segundo uma primeira avaliação do Comitê em Defesa das Florestas, integrado por CNBB, OAB, ABI, entidades ambientalistas, sindicais e empresariais, o relatório não só não corrige os retrocessos, mas os consolida e aprofunda (ver minhamarina.org.br).
Transferir competências da União para os Estados vai promover uma guerra ambiental e gerar legislações permissivas, antiambientais e irresponsáveis. Juristas de renome, como o ministro Herman Benjamin, do STJ, têm alertado para a necessidade de observância do princípio jurídico da "proibição de retrocessos".
Ele entende que o projeto reduz a proteção das florestas, em vez de ampliá-la.
O debate no Senado pode ser mais amplo, profundo e sem pressa. Todos os argumentos e questionamentos devem ser analisados com isenção. É inaceitável que a manobra rural-governista em curso coloque por terra a esperança depositada no Senado e nos compromissos de não retrocesso assumidos pela presidente Dilma.
Na última semana, o senador Luiz Henrique (PMDB-SC) entregou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado seu relatório sobre o projeto do Código Florestal. Não surpreendeu.
Manteve todos os vícios de origem, que agridem a Constituição, trazem insegurança jurídica e incentivam novos desmatamentos. Poderia ter melhorado, agregando contribuições dos cientistas e especialistas ouvidos no Congresso.
Poderia ter esperado a reunião com juristas. Mas não. Passou recibo e assinou embaixo.
Já se esboça operação política para que, rapidamente, esses retrocessos sejam legitimados. No Senado, parece haver articulação entre governo e ruralistas para que se aprove o projeto com rito sumário na CCJ. É o que se depreende da manifestação pública da ministra do Meio Ambiente, sinalizando aprovação ao relatório, e das declarações da presidente da Confederação Nacional da Agricultura à imprensa sobre um suposto acordo com o relator na Comissão de Meio Ambiente, Jorge Viana (PT-AC), para votá-lo até outubro.
As coisas começam a ficar mais claras. Senão, como entender a lamentável decisão de entregar a relatoria de três das quatro comissões que analisam o Código no Senado para um mesmo senador, aquele que fez uma lei estadual flagrantemente inconstitucional, reduzindo a proteção das florestas em Santa Catarina, equívoco que, agora, está propondo para todo o país?
Repete-se o distanciamento entre a posição do Congresso e a vontade da sociedade, acrescido da tentativa de criar a falsa sensação de que o projeto é equilibrado e bom para as florestas. Isso não é verdade.
Nenhuma das sugestões dos ex-ministros do Meio Ambiente foram consideradas.
Tampouco as dos cientistas.
Segundo uma primeira avaliação do Comitê em Defesa das Florestas, integrado por CNBB, OAB, ABI, entidades ambientalistas, sindicais e empresariais, o relatório não só não corrige os retrocessos, mas os consolida e aprofunda (ver minhamarina.org.br).
Transferir competências da União para os Estados vai promover uma guerra ambiental e gerar legislações permissivas, antiambientais e irresponsáveis. Juristas de renome, como o ministro Herman Benjamin, do STJ, têm alertado para a necessidade de observância do princípio jurídico da "proibição de retrocessos".
Ele entende que o projeto reduz a proteção das florestas, em vez de ampliá-la.
O debate no Senado pode ser mais amplo, profundo e sem pressa. Todos os argumentos e questionamentos devem ser analisados com isenção. É inaceitável que a manobra rural-governista em curso coloque por terra a esperança depositada no Senado e nos compromissos de não retrocesso assumidos pela presidente Dilma.
terça-feira, 16 de agosto de 2011
Minhocário
A razão final de fazer um minhocário foi muito simples. Achava que meu "lixo" orgânico era rico demais para ser jogado fora. Cascas de, em geral, quatro tipos de frutas, resíduos de chá e migalhas de pão. Dieta saudável demais para aterros sanitários. E eu tenho vontade de cada vez mais plantar coisas em casa, dentro das possibilidades oferecidas por um apartamento no 15º andar. Mas muita coisa dá para ser feita. E o que melhor do que uma terra que eu mesmo produzi?
E fazer o minhocário foi simples. Localizar algumas dicas na Net e adquitir a infra nas casas especializadas de plásticos da cidade. É claro que você não é obrigado a comprar a infra. Muitas vezes já possui caixas plásticas em casa e deve adaptá-las. Comigo não teve jeito. Comprei as três caixas, fiz 15 furos com uma broca de 5mm nos fundos da primeira e segunda caixa e meia dúzia de furos na tampa. Aí arrumei umas enormes minhocas em uma horta da cidade, um pouco de grama seca e comecei o procedimento: coloquei um pouco de grama seca na primeira caixa, despejei os restos orgânicos, dei uma umidecida (porque o clima aqui em Ribeirão Preto tá absurdamente seco e as minhocas foram tiradas de um ambiente extremamente úmido), uma misturada, coloquei as novas moradoras e pronto. Duas fotinhas abaixo para ilustrar...
Aqui as caixas, que ficam empilhadinhas para impedir fugas.....a ferramenta ajuda na manutenção mas é necessário que se tome cuidado para evitar acidentes...
Aqu a produção orgânica sendo adicionada diariamente. Não é muito bom colocar coisas ácidas que fermentam rápido, como cascas de laranja ou pedaços de cebola. Mas eu tenho colocado de maneira bem homeopática e vamos ver como a coisa evolui. Por enquanto as minhocas estão lá, aparentemente bem felizes...
sexta-feira, 10 de junho de 2011
Manifesto do Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável do Brasil
Por que tanta polêmica em torno da manutenção do que resta das nossas florestas? Será possível que ambientalistas, cientistas, religiosos, empresários, representantes de comunidades, movimentos sociais e tantos cidadãos e cidadãs manifestem sua indignação diante do texto do Código Florestal, aprovado pela Câmara dos Deputados, apenas por um suposto radicalismo ou desejo de conflito sem cabimento? Será justo afirmar que os defensores das florestas não levam em conta as pessoas e suas necessidades de produzir e consumir alimentos? Do que se trata, afinal? O que importa para todos os brasileiros?
Importa, em primeiro lugar, esclarecer a grande confusão sob a qual se criam tantas desinformações: não está se fazendo a defesa pura e simples das florestas. Elas são parte dos sonhos de um país com mais saúde, menos injustiça, no qual a qualidade de vida de todos seja um critério levado em conta. Um Brasil no qual os mais pobres não sejam relegados a lugares destruídos, perigosos e insalubres. No qual a natureza seja respeitada para que continue sendo a nossa principal fonte de vida e não a mensageira de nossas doenças e de catástrofes.
A Constituição Brasileira afirma com enorme clareza esses ideais, no seu artigo 225, quando estabelece que o meio ambiente saudável e equilibrado é um direito da coletividade e todos – Poder Público e sociedade – têm o dever de defendê-lo para seu próprio usufruto e para as futuras gerações
Esse é o princípio fundamental sob ataque agora no Congresso Nacional, com a aprovação do projeto de lei que altera o Código Florestal. 23 anos após a vigência de nossa Constituição quer-se abrir mão de suas conquistas e provocar enorme retrocesso.
Há décadas se fala que o destino do Brasil é ser potência mundial. E muitos ainda não perceberam que o grande trunfo do Brasil para chegar a ser potência é a sua condição ambiental diferenciada, nesses tempos em que o aquecimento global leva a previsões sombrias e em que o acesso à água transforma-se numa necessidade mais estratégica do que a posse de petróleo. Água depende de florestas. Temos o direito de destruí-las ainda mais? A qualidade do solo, para produzir alimentos, depende das florestas. Elas também são fundamentais para o equilíbrio climático, objetivo de todas as nações do planeta. Sua retirada irresponsável está ainda no centro das causas de desastres ocorridos em áreas de risco, que tantas mortes têm causado, no Brasil e no mundo.
Tudo o que aqui foi dito pode ser resumido numa frase: vamos usar, sim, nossos recursos naturais, mas de maneira sustentável. Ou seja, com o conhecimento, os cuidados e as técnicas que evitam sua destruição pura e simples.
É mais do que hora de o País atualizar sua visão de desenvolvimento para incorporar essa atitude e essa visão sustentável em todas as suas dimensões. Tal como a Constituição reconhece a manutenção das florestas como parte do projeto nacional de desenvolvimento, cabe ao poder público e nós, cidadãos brasileiros, garantir que isso aconteça.
Devemos aproveitar a discussão do Código Florestal para avançar na construção do desenvolvimento sustentável. Para isso, é de extrema importância que o Senado e o governo federal ouçam a sociedade brasileira e jamais esqueçam que seus mandatos contêm, na origem, compromisso democrático inalienável de respeitar e dialogar com a sociedade para construir nossos caminhos.
O Comitê Brasil em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável, criado pelas instituições abaixo assinadas, convoca a sociedade brasileira a se unir a esse desafio, contribuindo para a promoção do debate e a apresentação de propostas, de modo que o Senado tenha a seu alcance elementos para aprovar uma lei à altura do Brasil.
Brasília, 7 de junho de 2011
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Central Única dos Trabalhadores (CUT)
Forum de ex-ministros de meio ambiente
Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social,
Movimento SOS Florestas
Via Campesina
Federação de Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf Brasil)
Grupo de Trabalho Amazônico (GTA)
Comitê Intertribal da Rio+20
Associação Brasileira das ONGs (ABONG),
Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC)
Rede de Juventude Pelo Meio Ambiente (REJUMA)
Movimento Amazônia para Sempre
Movimento Humanos Direitos (MUDH)
Instituto Democracia e Sustentabiliade (IDS)
Greenpeace Brasil
Instituto Socioambiental (ISA)
Movimentos dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
Movimento de Mulheres Camponesas (MMC)
Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA)
Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)
Associação (Apremavi)
Imaflora
Instituto Centro de Vida (ICV)
Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM)
WWF Brasil
SOS MATA ATLÂNTICA
Associação Alternativa Terrazul
Vitae Civilis
Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional (FASE)
IBASE
Sinpaf – Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Pesquisa e Desenvolvimento Agropecuário
Fórum Nacional de Reforma Urbana
Rede Ecumênica da Juventude (REJU)
Instituto Sociedade População e Natureza (ISPN)
Instituto de Estudos Socioeconômicos (INESC)
SOS Clima Terra
Movimento Inovação Brasil (MIB)
Instituto Políticas Alternativas para o Cone Sul (PACS)
terça-feira, 31 de maio de 2011
Código florestal, natureza e a identidade do brasileiro*
A primeira conferência mundial sobre meio ambiente (a “mãe” da ECO-92) ocorreu em 1972, na Suécia. Na ocasião, impulsionada pelo desenvolvimentismo em voga, a ditadura brasileira se opôs a qualquer tipo de restrição à poluição. De fato, apresentou um cartaz que dizia: “Bem vinda à poluição, estamos abertos a ela. O Brasil é um país que não tem restrições. Temos várias cidades que receberiam de braços abertos a sua poluição, porque o que nós queremos são empregos, são dólares para o nosso desenvolvimento”. O resultado prático surgiu na década seguinte: Cubatão recebeu o “título” da cidade mais poluída do mundo.
Passados quase quarenta anos de Estocolmo, a mesma postura é demandada, a da falta de restrições, agora para as questões do campo. O movimento de alteração do Código Florestal Brasileiro propõe um arcabouço legal que incentiva o agronegócio a continuar a ser feito da maneira mais barata e grosseira possível, atribuindo a própria incompetência às restrições que são “impostas pelo meio ambiente”.
O comportamento não é novo. Em 1799, José Vieira Couto já denunciava essa ignorância: “O agricultor olha ao redor de si para duas ou mais léguas de matas, como para um nada, e ainda não as tem bem reduzido a cinzas já estende ao longe a vista para levar a destruição a outras partes. Não conserva apego nem amor ao território que cultiva, pois conhece mui bem que ele talvez não chegará a seus filhos". Assim, a prática de agricultura “moderna” proposta por aqueles que querem a destruição das florestas brasileiras se repete há centenas de anos.
Se há algo que pode ser trazido de novo para complementar o que já foi exposto nos diversos protestos realizados contra a modificação do Código Florestal, pelas associações científicas do Brasil (SBPC e ABC), que reclamam não ter sido ouvidas; pelos últimos ministros do meio ambiente; é o clamor de milhões de brasileiros, sem cargos e instituição, que sentem que estão perdendo algo e protestam a sua maneira, com adesivos nos veículos, camisetas e cartazes artesanais ou ainda por meio das mídias sociais.
Essa reação ‘silenciosa’ por pessoas com um ‘nó na garganta’não surpreende. O meio ambiente faz parte do brasileiro, da identidade do brasileiro. Nascemos todos em um país “gigante pela própria natureza”, cujos “campos têm mais flores” e “os bosques têm mais vida”. Natureza essa que, mesmo sob os olhares da legislação ambiental e dos Códigos Florestais de 1934 e 1965, tem sido barata e covardemente destruída. O brasileiro sabe e sente isso. Como colocou Milton Nogueira em sua carta (ver http://www.cartacapital.com.br/carta-verde/as-florestas-sao-de-todos-os-brasileiros), as florestas não podem se tornar uma reserva material do agronegócio. Elas são de todos, dos “indígenas, perfumistas, escritores, botânicos”, minhas e suas, das presentes e futuras gerações.
* Uma versão do presente artigo foi publicada no Jornal A Gazeta de Ribeirão, no dia 31 de maio de 2011.
quarta-feira, 25 de maio de 2011
O peru na porta do forno
Meu pai brincava com um dito popular argentino:
“Hasta aqui vamos fenómeno, decía el pavo en la puerta del horno”
(“Até aqui estamos indo muito bem, dizia o peru na porta do forno”). Acho que vale uma nota explicando que o peru (“pavo”) na Argentina é considerado um animal não muito inteligente; usa-se como insulto, como aqui usamos “burro”.
É ou não é o que estão fazendo? Estamos quase literalmente na porta do forno e essa corja de inomináveis vota um código que vai empurrar a assadeira e fechar a porta, é isso???
Esta tarde fui a um curso que estou fazendo, que se chama “Uma gestão cultural transformadora”. Fala de cultura, de gestão pública, de política pública. É ótimo. Ministrado pelo Célio Turino, no Museu da Imagem e do Som de Campinas, gratuito.
A aula de hoje era sobre “cidadania cultural, identidade, empoderamento”. Começou com um vídeo. Era o depoimento de um homem da floresta. Extrativista, vivia da coleta de castanha do Pará, da qual ele mesmo fazia diversos sub-produtos; do cipó, que usava para fazer cestos; e da madeira já “derribada”, como ele dizia, morta, para fazer artesanato. Falou de como a floresta lhe permitia ter uma boa vida. De como a floresta é valiosa. Falou que nos anos 80 o município onde ele vive tinha 85% de floresta, e agora só restam 20%. Questionou a lógica não solidária pela qual uns têm tanto e outros tão pouco. Pediu à platéia que reveja seu papel como consumidores de madeira. E falou também que ele tinha medo, porque tinha gente que não gostava que ele defendesse a floresta. Mas que ele não desistiria de defendê-la enquanto tivesse forças para andar. Não sei se as palavras foram exatamente essas. Para quem quiser conferir:
http://www.youtube.com/watch?v=78ViguhyTwQ&feature=youtu.be
Quando acabou o vídeo, Célio disse que esse homem se chamava Zé Claúdio, e que havia sido assassinado ontem. Mesmo dia da votação do Código Florestal. Sua esposa também. Ela ia se formar em pedagogia daqui a dois meses. Poderia ter sido mais uma educadora a contribuir com processos pedagógicos sob outro ponto de vista, o de quem vive na floresta. Dizem que “deu na Globo”, mas eu não tinha visto. E ali mesmo eu chorei toda a minha indignação, minha tristeza, minha raiva, minha impotência.
E me lembrei de quando eu era criança. Devia ter uns dez anos, estava na quinta-série. Uma professora de história contava os mandos e desmandos de um rei e uma rainha de algum país que agora não me lembro qual era (França, talvez?). A professora falava da comida, do ouro, do palácio, dos servos, de todas as extravagâncias praticadas pela família real e a nobreza (ou, a corja de puxa-sacos), e do mar de plebeus que, do outro lado, padeciam de fome, frio, miséria e humilhação. E eu me perguntava: se os plebeus eram muitos mais, por quê não faziam algo? Como era possível que não pudessem se rebelar, mudar as coisas?
Volto à nossa realidade. Somos 190 milhões de brasileiros (é isso?). Temos umas poucas centenas de supostos representantes que – sem entrar no mérito de terem sido eleitos pelo povo - não nos representam. A verdade é que não estão nem aí para o bem comum, coletivo, brasileiro, planetário. Representam apenas seus interesses, e o que é pior, apenas os mais imediatos. Porque têm a lógica da acumulação tão profundamente inculcada em sua forma de viver que não conseguem enxergar que os chamados “ambientalistas” não estão defendendo interesses próprios, mas sim interesses coletivos - inclusive de quem se opõe a eles! Ou esses caras, seus filhos e netos não vão precisar beber água nem comer daqui a alguns anos?
Quero dizer que não quero aceitar que não possamos frear o que está acontecendo. Mesmo que, dos 190 milhões de brasileiros, 185 milhões estejam alheios ao debate, e achem que este não lhe diz respeito - e os outros 5 milhões? Os caras são “apenas” 410! Nós temos a internet, as redes sociais (coisa que os plebeus da história que me angustiava na quinta série não tinham), os telefones, os celulares, as TVs que transmitem em tempo real...há de haver um caminho!
Temos que encontrar, urgentemente, as áreas de afecção (isto foi da aula do Célio), isto é, onde um movimento afeta o outro e o potencializa – movimentos culturais, sociais, de educação ambiental, popular, étnicos – vamos nos comunicar e mostrar uma força maior. E dar nosso recado para que a Dilma use o poder que lhe foi conferido (lembremos que ela também foi eleita pelo povo brasileiro) e vetar esta catástrofe.
A esperança é a última que morre. Vamos tentar algo mais ou vamos ouvir a porta do forno bater com a gente dentro?
Maria Castellano é Engenheira de Produção
quinta-feira, 12 de maio de 2011
O QUE PODEMOS FAZER PELO CÓDIGO FLORESTAL
“Dormia...
A nossa Pátria Mãe tão distraída,
Sem perceber que era subtraída,
Em tenebrosas transações...”
Chico Buarque de Holanda
Hoje acordei de sobressalto pensando no Código Florestal e com esta letra de música na cabeça... e o que é pior, o nome da canção é “Vai Passar”!
Então é isto? Vão votar o PL 1.876/99 e vai passar?
Ontem à noite entrei no site da Câmara dos deputados para saber o resultado de uma consulta pública que pedia a opinião dos cidadãos brasileiros sobre a votação, e 93% das pessoas optavam pelo adiamento para uma melhor discussão de tema tão relevante, apenas 7% defendia uma votação imediata. Isto traduz bem o que tem representado as propostas de alteração do Código Florestal até agora: o interesse de uma minoria.
Ainda assim, estão conduzindo as votações! Estes são os nossos representantes?!
Ouve-se o discurso de que a proposta do Aldo Rebelo pretende olhar pelos pequenos proprietários rurais... mas será que é isto mesmo?
O atual Código Florestal já garante que o pequeno proprietário rural compute na Reserva Legal os plantios de árvores frutíferas ornamentais ou industriais, aceitando inclusive espécies exóticas. Também permite sobrepor Área de Preservação Permanente e Reserva Legal quando a soma das duas exceder a 25% da área da propriedade ou 80%, de acordo com a localização da mesma. A averbação é gratuita e o pequeno proprietário tem os procedimentos para a comprovação de necessidade de conversão de florestas para uso alternativo do solo em áreas anteriormente desmatadas, simplificados.
Ou seja, os pequenos já possuem benefícios no atual Código Florestal! Necessitamos sim, de Políticas Públicas para facilitar o acesso a estes direitos!
Deste modo, percebemos que o que se deseja de fato com o PL 1.876/99, é estender os benefícios dos pequenos para os grandes proprietários, latifundiários que certamente terão vantagens ao desmembrar suas propriedades em módulos fiscais. Além disto, a proposta altera as definições de Interesse Social, Utilidade Pública e Manejo Florestal Sustentável, possibilitando que praticamente qualquer atividade se enquadre em um desses conceitos. O Programa de Regularização Ambiental (PRA), isenta de responsabilidade todos aqueles que desmataram e utilizaram ilegalmente determinadas áreas que deveriam ser protegidas. Em outras palavras, joga na incredibilidade toda a legislação ambiental Brasileira!
Muitos outros itens presentes na proposta em votação no Congresso, comprometem as florestas brasileiras, e com isto, põe em risco a biodiversidade, o equilíbrio ecológico dos biomas, a segurança climática do planeta, a disponibilidade de água, a qualidade do ar, o controle natural de pragas, etc.
Nada de novo... . Mais uma vez o Brasil “Pátria Mãe”, e agora, o Mundo todo, estão perdendo para os interesses de alguns poucos gananciosos.
O que tem de diferente agora?
Tem a voz daqueles que não querem deixar isto acontecer, não outra vez!
Mas que força temos nós?
Primeiro, precisamos de um acesso efetivo aos meios de comunicação. Pelo menos na mesma quantidade que aqueles que defendem o PL 1.876/99 estão tendo! Precisamos passar a mensagem de que o caso em questão, não tem nada a ver com o que o Sr. Aldo Rebelo costuma dizer em suas falas: “Pequenos x Legislação atual” ou “Comida x Árvores”. Até porque, está mais do que provado que a questão alimentar se resolve com melhor distribuição de renda, maior aproveitamento das áreas já destinadas à agricultura, uso de tecnologias sustentáveis, etc.
Segundo, devemos promover um processo de disponibilização de informações contextualizadas, que possam propiciar à população uma apropriação do conhecimento das leis e das razões que motivaram sua existência (equilíbrio e sustentabilidade ambiental), para que as opiniões sejam formadas de forma consciente e a participação no processo de decisão seja qualificada. As pessoas não podem ser manipuladas!
Terceiro, precisamos fazer um corpo-a-corpo com os nossos deputados e senadores, para que eles sejam esclarecidos sobre o tema e percebam que o voto deles em relação ao Código Florestal, influenciará na reeleição.
Quarto, não podemos nos deixar vencer pelo cansaço diante de notícias tão desanimadoras.
E finalmente, “pelo amor dos meus filhinhos” (que ainda nem nasceram), peçam para seus parentes, amigos, colegas de trabalho, o padeiro da esquina, ou seja lá quem for que você saiba que vota sem pensar nas conseqüências..., que nas próximas eleições, não mantenham no poder estes políticos que defendem os interesses de uma minoria em detrimento de questões essenciais para a sobrevivência do planeta.
E que todos aqueles que se importam, nos ajude a gritar agora!
Este é o desabafo e a súplica do momento.
Isis Akemi Morimoto – Ecóloga, Analista Ambiental do IBAMA, doutoranda do Procam/USP.
quarta-feira, 27 de abril de 2011
O debate sobre o Código Florestal*
Mentem aqueles que dizem que o atual Código Florestal Brasileiro não conserva a natureza e por isso é necessário alterá-lo. Ele não conserva quando não é respeitado, como acontece em muitas situações. O Código Florestal Brasileiro é bom. É bom porque assegura, minimamente, o equilíbrio ecológico, tão necesserário à manutenção de todas as formas de vida, inclusive das culturas agrícolas e dos rebanhos. É bom porque garante, minimamente, a conservação da água, do solo, das formas naturais de vegetação, da riqueza de espécies da fauna e da qualidade do ar. Sem isso não há como vicejar e manter a vida sob todas as suas formas.
Mentem aqueles que afirmam que é preciso produzir mais alimentos para que o povo não passe fome. Há alimentos de sobra nas prateleiras dos armazéns e dos supermercados, nas bancadas das feiras e mercadões, nas lanchonetes, nos restaurantes, nos postos de gasolina e até nas farmácias tem o que comer. Os que passam fome é porque não possuem dinheiro para comprar o alimento. Metade da produção de grãos do Brasil é utilizada para fabricação de ração animal para alimentar rebanhos confinados de gado na Europa e na Ásia. O Código Florestal Brasileiro é bom. É bom porque mantém o Brasil em posição de vantagem em relação a outros países no tocante à existência de fontes e bens naturais, matérias primas cada vez mais escassas no mundo, infelizmente. É bom porque pede de cada proprietário rural, a sua cota de contribuição em um momento cujo sentimento de coletividade é de suma importância. O Planeta é um só. Nossa grande “casa” passa por um momento crucial, pois nossa consciência e ação, enquanto espécie biotecnológica, ainda são insuficientes para reverter o desequilíbrio já provocado.
Mentem aqueles que comentam que o atual Código inviabiliza culturas de arroz, café, maçã ou banana em áreas de preservação permanante – encostas e margens de rios. Tais culturas continuam sendo mantidas pelos seus produtores. Uma adequação do Código para estas situações é algo pertinente. Basta mapear essas áreas e prever na forma de lei a possibilidade destas culturas agrícolas, com adoção de práticas que conservem o solo e a água.
Mentem aqueles que comunicam que é necessário que a revisão do Código seja votada já, tendo em vista a expiração de prazo - em 11 de junho próximo - de anistia a proprietários que estiverem em desacordo com a lei. O Governo, até então omisso na discussão, já admitiu a possibilidade de prorrogação do decreto que determina o início das autuações. Desta maneira, poderemos ter tempo para avançar numa proposta de lei mais sensata, que privilegie a discussão baseada em fatos reais, em ciência confiante e na participação ampla da sociedade.
Iludem aqueles que buscam um consenso neste momento. Trata-se de um falso consenso: “aumenta isso, diminui aquilo”. Ridículo. O que tomam por base para decidir que 15 metros de cada margem de um córrego é suficiente para preservá-lo? É evidente que se lograr êxito esta proposta de “consenso” do Governo, os bens naturais sairão profundamente prejudicados. E não é só de carne, leite, pão, arroz, álcool e feijão que vive o ser humano. Nós bebemos água, construímos as cidades sobre o solo e o subsolo, nos abrigamos da luz do sol sob a copa das árvores, ouvimos os pássaros, pescamos, somos sabedores da existência dos bichos, nos banhamos no mar e nos rios, vemos um céu azul, cultivamos o solo, sentimos os benefícios de chuvas não ácidas, nos inspiramos diante de uma bela paisagem natural, e principalmente, respiramos ar puro. Então, só de negócios agropecuários viverá o Brasil? Nosso país tem motivo suficiente para aderir à uma economia verde e ser muito mais do que uma moderna fazendona.
A “necessidade” de revisar o Código Florestal Brasileiro surge a partir do agronegócio que rompe profundamente com os ciclos e ritmos da natureza, que ignora a distribuição da riqueza gerada a partir da comercialização dos produtos advindos da terra, que se alastra pelo meio político sustentado apenas pela lógica do mercado, e que agora dita leis e políticas “públicas” governamentais.
O que está destruindo a natureza é a ignorância e a ganância.
*Perci Guzzo é ecólogo
sexta-feira, 1 de abril de 2011
sexta-feira, 25 de março de 2011
Comentários adicionais são desnecessários / No further comments needed
"Sometimes I think that the most evident sign that there is intelligent life somewhere in the universe is that no one so far has tried to get in touch with us".
quinta-feira, 17 de março de 2011
Formação de Coletivo Educador Ambiental em Sertãozinho
É com enorme satisfação que convidamos todas as pessoas que trabalham Educação Ambiental formal ou informal em Sertãozinho para participarem do 2º encontro do CEAS – Coletivo Educador Ambiental de Sertãozinho. Faremos uma reunião dia 23/03/11, quarta-feira, às 19h, no Auditório da Copercana, localizado na Rua: Pio Dufles, 532 para tratarmos da instituição do Coletivo Educador Ambiental. Esclareceremos o que é um Coletivo Educador e definiremos os próximos passos.
Sua presença é muito importante para nós.
Para maiores esclarecimentos e confirmação de presença, favor contatar: Anna Paula educacaoambiental@sertaozinho.sp.gov.br /16 3946 6900 / 8191 7184.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Tsunami
Várias foram as reações, aqui no Brasil, com da tragédia ocorrida no Japão. Perplexidade diante da força e dimensão do Tsunami, tristeza pelas perdas ocorridas e que ainda ocorrerão, consternação. Mas outro dia me deparei com uma que me causou certa estranheza: expressões de indignação com o fato do fenômeno natural ter tido tamanha destruição em um país "de primeiro mundo, avançado tecnologicamente como o Japão, acostumado aos terremotos e Tsunamis". Pois é, estamos acostumados com as tragédias humanitárias nos cantos "pobres" do mundo, onde são "mais facilmente explicáveis" e por isso menos impactantes.
A fala em questão faz alusão ao cerne do pensamento ocidental, que ao longo dos últimos 400 anos difundiu a crença (mais arraigada do que nunca, ao que parece) da separação do homem em relação à natureza e, mais importante, ao controle do primeiro à segunda.
A revolução científica nos avançou em tecnologia. Com essa, conseguimos de forma brutal transformar a natureza. Acreditamos, no entanto e de forma abslutamente ingênua, que transformações significavam controle. Ora, passados 400 anos começamos a colher evidentes demonstrações da nossa ingenuidade pretensiosa. Estão aí as mudanças climáticas em ocorrência e não temos a menor noção de como lidar com elas.
A ingenuidade do controle alcançou, a partir dos dizeres acima, o status de controle total. Como se o ápice da tecnologia atual fosse suficiente para nos oferecer uma leitura completa dos fenômenos da natureza. Ledo engano (e continuamos a apostar cegamente neste engano por benécies econômicas). Por princípio, há e sempre haverá, não importa o nosso nível de "avanço", um residual (que pode ser, como a palavra indica, pequeno, ou pode ser pequeno simplesmente porque não conseguimos de fato mensurar sua dimensão real) de incerteza.
E essa incerteza é que impede que as nossas transformações da natureza não se tornem controle. São elas (as incertezas) que indicam que, sempre, alguma pequena coisa pode ter ficado para trás e que, um dia, nos pregará uma pequena (ou enorme) peça.
Homens e mulheres, como natureza, são absolutamente vulneráveis. O avanço tecnológico pode reduzir essa vulnerabilidade, mas não nos livrar dela, não o tempo todo.
Avançaremos sobremaneira na lida com a natureza quando formos capazes de, culturalmente, diminuir a nossa extrema arrogância e reconhecer que, no final das contas, a nossa "supremacia" vai até onde começa a de outros.
Aproveito para deixar aqui os meus sentimentos para aqueles que estão enfrentando toda a tragédia lá no Japão e também outros, espalhados pelo mundo, mais próximos ou distantes dos primeiros, que como eu esperam que as notícias que recebam sejam as melhores possíveis.
A fala em questão faz alusão ao cerne do pensamento ocidental, que ao longo dos últimos 400 anos difundiu a crença (mais arraigada do que nunca, ao que parece) da separação do homem em relação à natureza e, mais importante, ao controle do primeiro à segunda.
A revolução científica nos avançou em tecnologia. Com essa, conseguimos de forma brutal transformar a natureza. Acreditamos, no entanto e de forma abslutamente ingênua, que transformações significavam controle. Ora, passados 400 anos começamos a colher evidentes demonstrações da nossa ingenuidade pretensiosa. Estão aí as mudanças climáticas em ocorrência e não temos a menor noção de como lidar com elas.
A ingenuidade do controle alcançou, a partir dos dizeres acima, o status de controle total. Como se o ápice da tecnologia atual fosse suficiente para nos oferecer uma leitura completa dos fenômenos da natureza. Ledo engano (e continuamos a apostar cegamente neste engano por benécies econômicas). Por princípio, há e sempre haverá, não importa o nosso nível de "avanço", um residual (que pode ser, como a palavra indica, pequeno, ou pode ser pequeno simplesmente porque não conseguimos de fato mensurar sua dimensão real) de incerteza.
E essa incerteza é que impede que as nossas transformações da natureza não se tornem controle. São elas (as incertezas) que indicam que, sempre, alguma pequena coisa pode ter ficado para trás e que, um dia, nos pregará uma pequena (ou enorme) peça.
Homens e mulheres, como natureza, são absolutamente vulneráveis. O avanço tecnológico pode reduzir essa vulnerabilidade, mas não nos livrar dela, não o tempo todo.
Avançaremos sobremaneira na lida com a natureza quando formos capazes de, culturalmente, diminuir a nossa extrema arrogância e reconhecer que, no final das contas, a nossa "supremacia" vai até onde começa a de outros.
Aproveito para deixar aqui os meus sentimentos para aqueles que estão enfrentando toda a tragédia lá no Japão e também outros, espalhados pelo mundo, mais próximos ou distantes dos primeiros, que como eu esperam que as notícias que recebam sejam as melhores possíveis.
sexta-feira, 4 de março de 2011
Coletivo Educador Ambiental em Sertãozinho
Está em processo de construção o Coletivo Educador Ambiental de Sertãozinho. Essa é uma iniciativa da Diretoria de Educação Ambiental do município, da Secretaria da Educação e Cultura, que visa 1) a localização de educadores ambientais do município e sua conexão; 2) A construção conjunta por esses educadores de atividades pedagógicas em educação ambiental e; 3) a Consolidação de suas atividades.
A formação de coletivos educadores é inspirada no Programa Nacional de Educação Ambiental e no Programa de Formação de Educadoras e Educadores Ambientais, do Ministério do Meio Ambiente.
O processo será lançado ao público em breve, por meio de uma palestra/oficina aberta à comunidade. Aguardem e fiquem em contato.
A formação de coletivos educadores é inspirada no Programa Nacional de Educação Ambiental e no Programa de Formação de Educadoras e Educadores Ambientais, do Ministério do Meio Ambiente.
O processo será lançado ao público em breve, por meio de uma palestra/oficina aberta à comunidade. Aguardem e fiquem em contato.
quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011
Geração Y
Como professor, tenho ouvido bastante falarem sobre a geração Y. A mensagem é, em geral, contraditória: o tom da conversa coloca, ao mesmo tempo, essa geração como uma ameaça às demais por suas qualidades (cultura de redes, habilidades com informática, desapego etc, etc, etc) mas a ênfase maior recai sobre suas limitações (são intolerantes e impacientes, têm dificuldade para se concentrar etc). É claro que o interesse razoavelmente velado aqui é: como os professores devem lidar com essas limitações de forma que as salas de aula, e portanto as instituições de ensino, não se esvaziem. O resumo dessa geração parece se corporificar no Twitter: mensagens curtas, lineares e descartáveis e sem um rumo certo.
Pois bem, aí me lembro também do Edgar Morin que, em mais de uma oportunidade, coloca que no mundo não existe o simples, apenas o simplificado: como é que essa geração vai lidar com a complexidade do mundo sem serem capazes de se concentrar, de rebuscar o pensamento e a comunicação? Uma resposta para isso, pelo menos temporária, parece ter-me surgido um dia desses: indivíduos e grupos, em meio a esse oceano chamado de geração Y, devem estar sendo pacientemente formados com todos os "diferenciais" (a concentração, a paciência, a tolerância) necessários para se compreender a complexidade do mundo e da vida. Ao meu ver, esses serão os criadores de tendências, os líderes. Os demais, continuarão seguindo, fazendo comentários inteligentes cada vez mais curtos sobre o mundo em sua volta.
Pois bem, aí me lembro também do Edgar Morin que, em mais de uma oportunidade, coloca que no mundo não existe o simples, apenas o simplificado: como é que essa geração vai lidar com a complexidade do mundo sem serem capazes de se concentrar, de rebuscar o pensamento e a comunicação? Uma resposta para isso, pelo menos temporária, parece ter-me surgido um dia desses: indivíduos e grupos, em meio a esse oceano chamado de geração Y, devem estar sendo pacientemente formados com todos os "diferenciais" (a concentração, a paciência, a tolerância) necessários para se compreender a complexidade do mundo e da vida. Ao meu ver, esses serão os criadores de tendências, os líderes. Os demais, continuarão seguindo, fazendo comentários inteligentes cada vez mais curtos sobre o mundo em sua volta.
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