quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Entre tropas, elites, bois e a eleição.

"Quando dois elefantes brigam, quem paga é a grama".
Me aproprio dessa idéia de Zygmunt Bauman para escrever o texto abaixo.

De que desviam os dois candidatos à presidência quando jogam no lixo todo o tempo existente para esclarecer o povo sobre seus projetos (se é que existem) políticos e insistem em uma lastimável demonstração de pobreza de recursos de todo tipo (educacional, respeito, dignidade etc)? É isso aí que vai governar o país amanhã? É com o tipo de "visão estratégica" do palavrão, do dinheiro da cueca, da compra de votos para reeleição, do mensalão, que o Brasil vai se "desenvolver"?  Essas são as duas grandes "visionárias lideranças" que nos levarão rumo à utopia?
O teatro está aí para quem quer assistir (e aqueles que não o fizerem, não perdem nada). Enquanto isso, seguidores bovinos com enormes tapa-olhos botam lenha na fogueira. O que ganham com isso? 15 minutos de fama? Um carguinho de terceiro escalão? Uma bolsa alguma coisa? Uma concessão?
Debaixo disso tudo, meus amigos, nós.
Esta pseudo-confusão só tenta desesperadamente esconder as duas mediocridades (e não falo aqui apenas dos candidatos, mas de seus partidos também) entre as quais temos que escolher.Não duvidaria se essa confusão fosse, de fato, combinada entre eles. Fico imaginando a conversa bem humorada entre eles em um churras: "ha, ha, ha, você viu a ovada? Aposto que vai ficar horas na mídia".
No final, vão ficar se justificando que não tiveram tempo para nada, que "infelizmente" não conseguiram discutir suas honrosas e dignas propostas por conta da selvageria "do outro". E dá-lhe aplausos bovinos, sorrisos, camisetas, bonés, bonequinhos e cores para o céu. 
O filme "Tropa de elite 2" mostra muito didaticamente como que as pequenas corrupções diárias, de todos, se articulam com os interesses daqueles que buscam posições poderosas para satisfazerem seus interesses.
São impressionantes as tentativas de se promover a própria santidade sem nem conseguir esconder o sangue nas mãos. "Não sei de nada. Não sei de quem é o sangue aqui nas minhas mãos e escorrendo pelos meus dentes. Não sei, não vi, mas se souber, vou tomar as devidas medidas".
Lastimável, simplesmente lastimável.
Múúúúúúúúúúú!!!!!

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Ano Internacional da Biodiversidade

Teve início na manhã desta segunda-feira em Nagoya, no Japão, a décima edição da Conferência das Partes da Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP-10).A Conferência deverá inundar, nos próximos dia, a mídia com reportagens a respeito da situação global da biodiversidade. Finalmente um pouco de oxigenação em um assunto que ficou asfixiado pela quase exclusividade das discussões relativas às emissões de carbono. É claro, emissões de carbono lidam com interesses de enormes corporações e grupos políticos e permitem a mitigação do problema usando-se a mesma tecla de sempre: os investimentos em tecnologia. Assim, ganham empresas e países que detém as tecnologias.
Agora não, a perda da biodiversidade decorre de um modo de vida e da colonização da natureza pela artificialidade. Preservar e conservar a biodiversidade afeta diretamente os discursos desenvolvimentistas que pregam que os problemas do mundo (pobreza, meio ambiente etc) serão resolvidos com uma dose mais forte do mesmo remédio sendo ministrado há 60 anos. Não tem jeito, preservar é preservar. É deixar lá. É encontrar formas criativas e alternativas de relação. Espero que a cobertura da conferência seja do mesmo tamanho que o problema requer.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ciclofaixa

Ontem (26/09) foi inaugurada em Ribeirão Preto uma ciclofaixa. O primeiro trecho na cidade na história a permitir acesso exclusivo de bicicletas.
Apesar de ter um cunho apenas esportivo/recreacional (tem apenas 6 km e funciona somente aos domingos entre 7 e 13h), já demonstrou o potencial e a demanda existentes para esse tipo de infraestrutura: presença de gerações de famílias transitando juntas pela cidade naquilo que, para a esmagadora maioria das crianças, era um conceito absolutamente extinto: andar de bicicleta na rua!
E essa ciclofaixa permitiu que isso ocorra novamente.
Além de ser um veículo, um exercício, um instigador de novas relações sociais (não apenas entre aqueles que já se conhecem - pessoas da mesma família que agora têm o que fazer na parte da manhã do domingo, juntas!) mas também entre desconhecidos (pois permite bons encontros, conversar, risadas etc), a ciclofaixa é uma possibilidade para o reencontro dos moradores das cidades com a própria cidade. As ruas e avenidas, novamente, se tornam cidades. São reapropriadas, pois agora passamos mais devagar e de forma muito mais prazerosa por caminhos que, em outros momentos, simplesmente me direcionam apressadamente de casa para o trabalho e coisas do tipo.
Com a faixa, Ribeirão vai se aproximando de outras cidades do mundo e do Brasil, muito lentamente, no reconhecimento do direito dos cidadão por lazer público gratuito, seguro e de qualidade e também pela percepção da bicicleta como alternativa de transporte (o que, em muitos lugares, é uma realidade concretizada).
Fico imaginando a dificuldade dos responsáveis pela idéia de convencer outros para que a faixa fosse de fato implantada. Também, é justo que se reconheça a coragem da prefeita e dos secretários envolvidos.
Agora, cabe à população realmente se apropriar deste espaço e fazer dele um direito: um direito a ser mantido e também ampliado.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A pobreza das defesas políticas

O período das eleições tem se mostrado, no mínimo, interessante. Não digo pela lamentável demonstração dos principais candidatos e seus partidos, mas pelo lado da população.
É impressionante a forma como as pessoas passam a se relacionar com seus candidatos. Nunca viram (a maioria) ao vivo e nem nunca conversaram. No entanto, a medida que o pleito se aproxima, os ânimos fervem.
Pessoas defendem seus candidatos como se defendessem a própria vida. Para tal, fazem uso de um mecanismo pobre de endeusamento. Suas escolhas transformam-se em heróis. São santos absolutos e incapazes do pecado. Seus passados são cristalinos, seus presentes límpidos e seus futuros salvadores.
Os opositores? Representantes do diabo e proponetes de tudo o que é ruim.
Quem perde com isso? Todos nós.
A experiência já deveria ter sido suficiente, para quem tem idade para já ter participado de algumas eleições, que a coisa não é bem assim. Sejamos reais! Todos os candidatos e seus aliados, se tiverem suas fichas, meias e cuecas analisadas, entregarão o caixa 2 da moral, onde seus pecados e atentados contra a população estão profundamente guardados. O oposto, da mesma forma, também vale. Temos alguns políticos famosos por suas caras travessuras mas que, também, deixaram algumas coisas positivas. Já pensou se o cara entrasse lá, ficasse 4 anos e SÓ fizesse coisas ruins?
Não quero com isso parecer pessimista. Prefiro realista. Somos todos assim, em maior ou menor grau, é claro.
A quem serve, então, fingirmos que não? Ao próprio candidato, que é transformado em um ícone superpoderoso e que, posteriormente, caso vencedor, não medirá esforços para utilizar-se desse mesmo poder a sua vontade, muitas vezes contra o bem comum, contra o povo, CONTRA VOCÊ.
Assim, continuem votando em seus candidatos (se possível façam uma busca em suas fichas, cuecas e meias), o defendam, mas não o endeusem. Não votem nele porque não tem erros, mas APESAR dos erros (de preferência, saiba bem quais são esses erros e, se forem muitos e pesados, não hesitem em procurar outra opção melhor).
Os candidatos têm que parar de pensar que o povo é imbecil. No entanto, se não somos capazes de reconhecer isso, que ninguém é santo, então, talvez, é porque eles têm razão.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Sobre conexões e contatos

"É moçada, o importante na vida não é ter dinheiro, é ter crédito".
Essa era uma fala brincalhona muito comum de um colega de faculdade, o Makyia, toda vez que alguém vinha com a novidade de ter conseguido algo pensado como inatingível, por meio da colaboração de outro alguém. Diante dela a gente ria, não entendia muito bem e continuava a viver.

Acabo de receber um email de uma colega que conheci em 2009, na minha participação na Conferência Mundial de Educação para o Desenvolvimento Sustentável, que ocorreu na Cidade de Bonn, na Alemanha. Keamogetse L Magogwe,de Botsuana, a quem carinhosamente nos referíamos como Keam. Como eu, a Keam fez parte de um grupo de 25 pessoas escolhidas em 25 países para formar uma rede de atores em educação e sustentabilidade.

Recebi uma mensagem dela hoje de manhã me agradecendo muito pelo envio de um email, no início do ano, do qual eu nem me lembrava mais. Vou explicar:
Fiz mestrado em Ciência Ambiental na Universidade de South Bank, de Londres. No início do ano, recebi um contato da universidade oferecendo bolsas de estudos para alunos do Commonwealth (associação de territórios autônomos mas que mantêm uma relação política com a Inglaterra por conta de uma herança histórica colonial) e a direcionei para aqueles amigos que conheci no evento, os 25. Não é que a Keam, que se encaixou no perfil desejado, se increveu no processo e conseguiu a bolsa???
Vejam a mensagem dela:

Hi Daniel!

I'm pleased to let you know that thanx to the email that you forwarded to 'young ESd voice' i have been awarded a scholarship for the MSc Education for Sustainabilty by distance learning. this qualification will enable me to successfully mobilise ESD activities in Botswana, something that i have been having difficulty doing.

Thank you very much for making this opportunity possible for me. I hope you are still keeping well.

Regards

Keamogetse L Magogwe
Principal Education Officer II - French
Curriculum Development and Evaluation
Private Bag 501
Gaborone

Resolvi postar este fato aqui no blog porque ele é característico de nossos tempos. Imaginem a probabilidade, 2 anos atrás, disso ocorrer: sermos selecionados para participar de um grupo comum, formarmos uma rede, eu receber uma mensagem da Universidade da Inglaterra e pensar que algúem da rede poderia se interessar e se empenhar no processo, a pessoa se empenhar no processo e conseguir. Resultado: vai fazer um curso de mestrado sem custos (além do empenho que vai ter que ter para cumprir suas atividades do curso, que serão muitas). Relacionamento. Crédito. Makyia na cabeça! Hoje isso faz todo sentido do mundo.

Vivemos em uma realidade que nos oferece uma oportunidade ímpar de conexão. Estamos em conexão com o mundo por meio de cliques. Mas não podemos no enganar! Como diz William Isaacs* , conexão não significa contato. Para termos contato precisamos de algo mais, o contato é uma qualificação da conexão. Precisamos estar atentos e realmente considerarmos os outros, nos lembrarmos dos outros e estarmos a disposição. Uma disposição desinteressada.
Essa disposição desinteressada é que trará vida para as nossas conexões e desenvolverá, nelas, organicidade, tato: con-tato.

E o contato, por si, nos enriquece com o calor da aproximação real. De tempos em tempos, também, pode propiciar mudanças significativas para as nossas vidas, como eu consegui, muito despretenciosamente, propiciar para a Keam.

Aproveitem suas conexões e as transformem em contato. Con-tato!!!

Vocês possuem experiências do tipo? Vamos compartilhar?

Abaixo, uma foto minha com a Keam na Conferência Mundial da Unesco sobre Educação para o Desenvolvimento Sustentável, em Bonn, na Alemanha, em 2009.
* Livro Dialogue and the art of thinking together, de William Isaacs.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

A função do Estado na pós-modernidade

O texto abaixo foi escrito a partir da leitura do capítulo 4 do livro “Pela Mão de Alice” , de Boaventura de Souza Santos. O desafio é estabelecer qual deveria ser a função do Estado no sentido de fomentar o fortalecimento e a conexão de comunidades locais no sentido de tornarem-nas atuantes em suas localidades.

O capítulo da obra de Boaventura é em grande parte escrita com um olhar específico para Portugal, um país semi-periféfico na organização do capitalismo mundial. No entanto, compreende-se aqui que esse país compartilha diversas condições com o Brasil, de forma que se compreende como válida a tarefa de uso dos elementos levantados no texto para uma discussão brasileira.

Segundo o autor, algumas promessas da era da modernidade foram cumpridas em excesso e outras não foram cumpridas. Naquelas cumpridas em excesso estão a difusão e valorização da capacidade técnica da humanidade para atuar sobre a natureza (incluindo-se aí o próprio ser humano como natureza) e dos mecanismos de mercado, que foram catapultados sobremaneira a partir da década de 70 do século XX, com o desenvolvimento dos meios de comunicação e das tecnologias da informática e cibernética. A modernidade deixou de fora, no entanto, aspectos ligados à democratização política dos sistemas políticos e à distribuição de renda. O escritor Daniel Yanchelovich resume muito bem os resultados desse processo: somos hoje gigantes tecnológicos e anões sociais.

O Brasil, assim como Portugal, pode ser considerado um país semi-periférico. Isso significa que aqui se encontram convivendo cotidianamente elementos presentes em países centrais (modo de vida nas grandes cidades, altas tecnologias, mercados de luxo etc) e também pré-modernos, considerados pela cultura moderna como ilustrativos de países “atrasados”, que vão desde pobreza extrema até a permanência de formas de vida que não se inserem por completo no que se espera pela cultura ocidental (por exemplo, pequenas propriedades rurais de subsistência, existência de um mercado de troca de mercadorias, desinteresse de elementos tecnológicos, vida comunitária integrada, almoços em família etc).

Acontece que, terminado o século, XX começa a ocorrer uma revalorização de vários daqueles aspectos que a cultura ocidental por muito se esforçou em substituir, pelo entendimento de que permitem, no fim das contas, uma vida mental, individual, comunitária e social mais saudável, além de serem ambientalmente mais adequados. Ilustra o que foi dito a comparação da importância comunitária e para a saúde de um indivíduo de um almoço em família (característica pré-moderna, ineficiente do ponto de vista do mercado) e um almoço “fast-food”, que caracteriza a vida “moderna” e que, no entanto, promove profundas alterações nos tecidos comunitários e também na saúde das pessoas, além das condições ambientais adversas de produção. A essas relações sociais estabelecidas e mantidas lentamente no cotidiano, sem pressa ou interesses escondidos, chamamos hoje de capital social.

Assim, se o Brasil é um país que, aos olhos do mundo, não é considerado desenvolvido, porque não entrou “com os dois pés” na modernidade, por outro lado começamos a reconhecer a riqueza presente aqui desse “capital social”, desse valor mais raro nos países centrais, que está ligado a uma identidade histórica e por laços comunitários de confiança e de solidariedade. Laços esses também frágeis e a todo momento sob risco de quebras.

Diante do colocado, reconhecem-se aqui algumas funções importantes para o Estado brasileiro:

Primeiro de tudo, o reconhecimento e valorização desse capital social, da sua importância histórica e nas escolhas que modelarão os futuros do país. Assim, não podemos mais ter como modelo de “avanço” a destruição do capital social, das peculiaridades locais, da diversidade.

Em segundo e em fluida conexão com o primeiro, que a atuação do Estado sobre aqueles elementos pré-modernos e que carregam consigo ainda características consideradas normais nos séculos anteriores ao XX (uso de mão de obra infantil, manutenção de condições de vida miseráveis para pequenos produtores rurais) seja de se permitir a melhoria nas condições de vida dos envolvidos, mas que isso não signifique um atentado às formas de vida e à coesão social da comunidade. Entende-se aqui, à luz de Wolfgang Sachs , que a (falta de) renda é apenas um dos aspectos que caracterizam a pobreza de um indivíduo e uma sociedade, mas que há outros tão importantes quanto, como a participação nas decisões políticas, a sensação de pertencimento comunitário, a segurança indentitária etc.

O terceiro aspecto compreendido aqui como importante para a atuação do Estado é no sentido de se criarem condições que ampliem a participação do cidadão comum nas decisões políticas que o influenciarão, ou seja, à democracia participativa. Isso deve ser feito com a criação ativa de espaços e fóruns de participação e decisão locais, que, portanto, considerarão e inserirão os valores locais nas decisões tomadas. A complexidade do mundo atual, a velocidade de produção e difusão de informação diminuem cada vez mais a possibilidade de atores agirem sozinhos e demandam o estabelecimento de novas articulações. A história separou o Estado do cidadão comum e esse diálogo necessita ser fomentado.

Para Boaventura de Souza Santos, o caminho rumo a um modo de vida pós-moderno está no reconhecimento das limitações da modernidade e promover rupturas nos modos de pensar e fazer valorizem aquilo que se tem. Com é citado em seu texto: “é importante conhecer a nossa história mas é igualmente importante conhecer a diferença da nossa história”.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Sobre a Copa e o Código Florestal

Sob uma trave desproporcionalmente grande para um jogo justo coloca-se o goleiro, o meio ambiente brasileiro, já contundido por diversos tipos de entradas violentas por parte de seus opositores: queimadas, desmatamentos, poluição, contaminações etc.
Do "lado oposto do ringue", ajeitando sedento a bola na marca do penalti, a liderança (?) política brasileira responsável por, após tanto tempo, levar o campeonato para seu lado, qualquer que seja o custo para tal. A situação é extremamente tensa. Ao contrário de vezes anteriores, o meio ambiente brasileiro aparenta estar em situação de absoluta vulnerabilidade e, debaixo de traves ameaçadoras, não parece ser capaz de oferecer a segurança necessária.
O juiz apita. O relatório sobre as mudanças do Código Florestal começa a ser lido.
O correr do atacante, para estranhamento do público, demonstra algo de desajeitado, como se a tarefa tivesse sido estendida a alguém inapto. Não treinou? Não consultou especialistas no assunto? Achou que qualquer coisa valeria? Os outros jogadores do time, nesse momento de decisão em que podem ser expostos diante do público crítico, haviam desaparecido.
Para alívio da torcida pelo meio ambiente, o chute proferido se saiu tosco. Daqueles que, se narrado pelas vozes radiofônicas de Ribeirão Preto, seriam imediatamente seguidos do "jingle" separado especialmente para quando a bola se perde, desolada, no fundo do campo e por demais longe do objetivo: "Good bye my love!".
Apesar de longe dos olhos do grande público, mais preocupado com outra seleção, a "pernaiada" do atacante é observada de perto por alguns presentes na contenda, que não se privam de comentá-la (artigos publicados na folha e no estadão. Alguns não dão acesso livre mas podem ser encontrados em outros sítios: http://www.gabeira.com.br/noticias/temas/meio-ambiente/2379-parlamentar-comunista-vira-ideologo-da-bancada-ruralista; http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100608/not_imp563132,0.php; http://www.agronline.com.br/agronoticias/noticia.php?id=23650).

Por hora, o meio ambiente brasileiro ganha um fôlego. Mas não podemos nos enganar. Serão várias cobranças. Como se o juiz fosse o melhor amigo do cobrador, a sensação é que serão tantas quantas necessárias ao convertimento. O próximo chute já está marcado. Ilustrando bem a péssima intenção do dono da bola, das traves e do campo todo, na próxima terça-feira, coincidentemente dia em que os torcedores estarão ligados em um outro jogo. Não percam.

Passado o primeiro chute, a reflexão que fica é de como somos vulneráveis neste país. Além do terror causado pela violência do correntão (forma usada para a derrubada de florestas, em que se prende uma corrente em dois tratores que passam impiedosamente sobre a mata), que avança violentamente a "fronteira agrícola" sobre qualquer direito ao "meio ambiente ecológicamente equilibrado", como reza a nossa Carta Magna, fica uma outra impressão, por enquanto, mais difícil de compreender: como é que um relatório pobre, mesquinho, raso, cheio de incoerências, pessimamente informado e juvenil como esse pode acarretar tamanha reviravolta, se propondo como alternativa a um conjunto legal de mais de trinta anos?

No momento, fisioterapeutas, médicos, massagistas e outros estão em campo na tentativa de revitalizar um pouco mais o nosso goleiro. E que venha terça-feira.

domingo, 6 de junho de 2010

Dia mundial do meio ambiente

Hoje é dia mundial do meio ambiente e, aqui no Brasil, pode ser o último da legislação ambiental conforme a conhecemos.
Já foi exaustivamente publicada neste espaço e também em vários outros a iniciativa capitaneada por Aldo Rebelo para retalhar um conjunto de leis de tentam dar suporte jurídico para a proteção ambiental no Brasil. O resultado disso (o relatório da Comissão Mista) deve sair nos próximos dias.
O Brasileiro deve devotar uma atenção a esse documento, seus pressupostos e suas propostas. Deve também se perguntar criticamente, o que estará por trás (e, por que não, quem estará por trás) do discurso benévolo do político (benévolo porque direcionado ao "pobre pequeno produtor"). Quem será realmente beneficiado por suas propostas, a iniciativa privada ou o bem público? O brasileiro, de hoje e de amanhã?
Por fim, deve contextualizar todo esse movimento da bancada ruralista lembrando-se que quem faz a proposta faz parte daquela que não é a mais confiável parcela de brasileiros: a classe política, campeã do dinheiro na cueca, do superfaturamento, do mensalão e outras manobras.
A partir do desdém, do medo e das alterações que fizeram no projeto da ficha limpa para torná-lo o mais próximo possível de algo que não muda o que já existe, em desrespeito a pelo menos um milhão e seiscentas mil assinaturas de brasileiros preocupados com a ocupação das instâncias políticas nacionais por bandidos profissionais, podemos deduzir que o que menos está em pauta aqui é o bem estar do brasileiro ou mesmo dos produtores rurais do Brasil. Há uma outra lógica por trás, já por nós conhecida mas que mesmo assim não é capaz de constrangê-los: o toma lá dá cá mesquinho e no mínimo irresponsável praticado a céu aberto. E a moeda DA VEZ é o meio ambiente. Não se sabe qual será a moeda da próxima vez.
O problema é que o estrago a ser proposto será irreversível. Como comumente dizemos no universo da biologia, extinção é para sempre. No dia mundial do meio ambiente, vamos nos colocar publicamente para que não vivenciemos em um futuro próximo a extinção da nossa legislação ambiental.

sábado, 13 de março de 2010

Homenagem

Quem souber
Dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo

Oh minha estrela amiga
Por que você não fez a bala parar?
 
(Trecho da "Canção do Mundo Novo", de Beto Guedes)

Homenagem do Reflexações Ambientais ao Cartunista Glauco, cuja leitura diária foi sempre considerada garantia de um dia melhor.
A vida realmente vai ficar mais triste sem ele.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Impressões sobre a Audiência Pública para se discutir o Código Florestal Brasileiro

Teria sido um enorme sucesso a Audiência Pública realizada em Ribeirão Preto, no dia 03/02/10, sobre alterações do Código Florestal Brasileiro, não tivesse sido ela uma Audiência Pública, mas sim um congresso ruralista ou ainda um comício político. Realizada sob o pressuposto de se levantarem informações e sugestões para compor uma proposta “equilibrada” de alteração do Código, segundo a Comissão Mista da Câmara dos Deputados, responsável pelo evento, a audiência foi tudo menos equilibrada. A mesa foi composta por deputados da Comissão (seis, se não me engano, dos quais cinco foram radicalmente contra o Código Florestal) e um outro número de representantes do alto escalão de associações do agronegócio brasileiro. Além desses, estiveram presentes também dez convidados para se pronunciar, entre pesquisadores, advogados e outros. O resultado aqui não foi menos tendencioso: oito falaram contra o Código Florestal e apenas dois se colocaram em favor.
Interessante mesmo foi a estratégia de discurso utilizada pelo grupo do agronegócio. Colocações já conhecidas, é verdade, mas que em conjunto demonstraram bem a retórica:
Primeiramente, apesar de a mesa ter sido composta principalmente de deputados ligados ao agronegócio e de representantes de associações ruralistas, como já dito, todos os discursos foram orientados para o pequeno produtor, como se esse fosse realmente o interesse por trás de tudo. O absurdo chegou ao ponto de se referirem à produção de maçã em Santa Catarina e, em nenhum momento, às grandes propriedades do país e os produtos que realmente têm alguma relevância em termos nacionais (cana, soja, carne etc) e seus métodos produtivos!
Em segundo lugar, do discurso ser condicionado a relacionar o agronegócio à “produção de alimentos”, sem qualquer alusão à cana-de-açúcar (cara para a nossa região), à soja e outros produtos de exportação, responsáveis pela ocupação de grande parte do território do estado e do Brasil.
Outras questões são também utilizadas, na mesma linha, como culpar o meio ambiente pelo não completo sucesso do agronegócio, desviar a atenção das questões ambientais do campo para as cidades, afirmar que o sucesso do agronegócio vai acabar com a fome do brasileiro e comparar a cobertura florestal do país com a da Europa, para reclamar o direito de acabar também com nossas florestas. A pobreza nas falas chegou a um estado tão grande que impediu qualquer reflexão sobre colocações coerentes que até surgiram em alguns raros momentos.
Quando os argumentos em favor das alterações do Código Florestal se acabavam (o que ocorria rapidamente nas falas individuais), iniciavam-se então os ataques aos “ambientalistas”. Os adjetivos utilizados pelos palestrantes, inclusive os próprios deputados, foram vários, entre os quais “bandidos”, “inocentes”, “infantis”, “ideólogos” e “manipulados”. Bandidos porque querem roubar as “pessoas de bem”, os “pequenos produtores de alimentos”; inocentes e infantis porque, quando crescerem e aprenderem, verão o mundo de outra forma; ideólogos porque, na verdade, os ruralistas não conhecem o real significado da palavra e acham que ideologia é uma qualidade ou defeito de quem contraria seus interesses e pensamento. Não conseguem ver sua própria posição como ideológica; e manipulados porque seus discursos e estratégias são determinadas por “ONGs internacionais que não respeitam os reais interesses brasileiros” (o que, inclusive desrespeita o brasileiro, porque indica que não temos senso crítico suficiente e não conseguimos pensar por nós mesmos). Frases que faziam a platéia ruralista, em pé, delirar. A ausência de conteúdo teve como alvo até o IBGE, considerado por um expositor como um órgão de pesquisa “ruim” (porque, é claro, contradiz as “verdades” ruralistas) e o Ministério Público, também a serviço das ONGs internacionais.
Ora, as frases de efeito e palavras de ordem utilizadas pelos ruralistas criaram um ambiente tão entorpecedor que impediram a audiência de reconhecer, por exemplo, que nenhuma grande empresa do agronegócio brasileiro é, de fato, brasileira (grandes empresas de sementes e agrotóxicos, laticínios e até usinas de açúcar e álcool). Assim, que interesse brasileiro estava sendo defendido por eles? Também, que o pequeno produtor, assim como o pequeno qualquer coisa no país, não é prioridade para ninguém. Não fosse isso verdade, não seriam tão mal remunerados pela tonelada da cana, a caixa de laranja e o litro do leite. Da mesma forma, que a fome do brasileiro vai continuar independentemente da produção do agronegócio, simplesmente porque essa produção jamais será direcionada a quem não pode pagar por ela.
Ao final do evento e decantado o mal estar causado pelo circo de horrores e pobreza da maioria das falas, duas sensações remanesceram, uma boa e uma ruim: a boa é que a esmagadora maioria dos argumentos ruralistas não se sustenta a pouco menos de dez minutos de uma conversa séria e aprofundada. A ruim, de que esses dez minutos jamais serão propiciados por essa Comissão Mista e suas audiências públicas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Ato em defesa do Código Florestal

Vejam a lista de entidades que até a data aderiram à Carta de Ribeirão Preto em Defesa do Código Florestal - atualizada em 29.1.2010 – 17h17 (por ordem alfabética)

1. ABEEF – Associação de Estudantes de Engenharia Florestal
2. ABEF – Associação Brasileira dos Estudantes de Filosofia
3. Acampamento Independente – Guaiçara/SP
4. ADUSP – Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo
5. Agenda Ambiental – Núcleo de Política e Ciência Ambiental – Depto. Biologia – FFCLRP – USP
6. AMAR – Associação de Mães e Amigos de Adolescentes em Risco
7. ANATEC – Associação Nacional de Assistência Técnica da Reforma Agrária
8. ANEL – Assembléia Nacional dos Estudantes Livres
9. ANPG – Associação Nacional de Pós-Graduandos
10. ANPRA – Associação Nacional de Apoio a Reforma Agrária
11. ANVB – Associação Nacional dos Violeiros do Brasil
12. APEOESP – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo - Subsede de Ribeirão Preto
13. Associação Ambientalista de Marília ORIGEM
14. Associação Amigos do Arquivo Público Municipal de Ribeirão Preto
15. Associação Amigos do Memorial da Classe Operária
16. Associação Cultural e Ecológica Pau-Brasil
17. Associação Cultural Humanística
18. Associação Olhos D’Água
19. Associação Pró-Fitoterapia de Ribeirão Preto
20. AVA – Associação Vida Animal
21. CACB – Centro Acadêmico de Ciências Biológicas – ESALQ-USP
22. CAER – Centro Acadêmico Emílio Ribas – Nutrição - USP
23. CAFI – Centro Acadêmico da Filosofia USP – RP
24. CAHIS – Centro Acadêmico de História - UNIFESP
25. CALC – Centro Acadêmico Lupe Cotrim – ECA-USP
26. CATO – Centro Acadêmico de Terapia Ocupacional – USP
27. CEB – Centro Estudantil da Biologia “Maria Madalena da Costa Teles” – USP- RP
28. CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde
29. CEDHEP – Centro de Direitos Humanos e Educação Popular – Ribeirão Preto
30. CEEFLORUSP – Centro de Estudos e Extensão Florestal da USP-Ribeirão Preto
31. Cedro-Mulher – Centro de Defesa dos Direitos da Mulher
32. CELACC – Centro de Estudos Latino-americanos de Comunicação e Cultura – ECA – USP
33. Centro Acadêmico Biologia – UFSCar – São Carlos
34. Centro Acadêmico Professor Paulo Freire – USP -SP
35. Centro Acadêmico Rui Barbosa da Escola de Educação Física e Esporte da USP
36. Centro Acadêmico de Tecnologia da Unicamp – Limeira - SP
37. Centro Cultural Orùnmilá – Ribeirão Preto
38. Centro de Formação Dom Hélder Câmara
39. CES – Centro dos Estudantes de Santos
40. CEUNSP – Itu-SP
41. Ciranda em Defesa da Educação Infantil Pública, Gratuita e de Qualidade
42. Círculo de Ação Popular José Rosa Melo – CAP-Quintino
43. Coletivo Educador Ipê Roxo
44. Coletivo Universidade Popular da Unicamp – Campinas -SP
45. Comitê em Defesa da Reserva Legal – Ribeirão Preto
46. CONLUTAS – Coordenação Nacional de Lutas
47. COOPERECOS – Cooperativa de Manejo da Agrobiodiversidade do Assentamento Sepé Tiarajú
48. CUT – Central Única dos Trabalhadores – Estadual São Paulo e Subsede de Ribeirão Preto
49. DAMAC – Diretório Acadêmico Mackenzie – SP
50. DC AGRO – Diretório do Curso de Agronomia - ESALQ-USP
51. DCE –USP – Diretório Central dos Estudantes Livre Alexandre Vanucchi – Leme -SP
52. Diretório Acadêmico da Biologia – Barão de Mauá – Ribeirão Preto
53. ECOSURFI – Entidade Ecológica dos Surfistas – Itanhaém-SP
54. EIV-SP — Estágio Interdisciplinar de Vivência-São Paulo
55. ENEBIO – Entidade Nacional de Estudantes de Biologia
56. ENESSO – Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social
57. Entidade Ambientalista Ibiré
58. Estação Luz Espaço Experimental de Tecnologias Sociais
59. EXNEEF — Executiva Nacional de Educação Física
60. Executiva Nacional dos Estudantes de Pedagogia de São Paulo
61. FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil
62. FEPARDO – Federação Pardo Grande de Entidades Ecológicas e Ambientalistas
63. FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo
64. Fórum dos Cursinhos Populares de Ribeirão Preto e Região
65. Fórum dos Movimentos Sociais BR 163/PA – Campo Verde – Itaituba-PA
66. Frente Popular Dario Santillan - Argentina
67. FREPOP – Fórum de Educação Popular – Lins – SP
68. GEA – Grupo de Estudos Ambientais da da USP - SP
69. GREENPEACE
70. Grupo de Pesquisa Educação e Direito na Sociedade Brasileira Contemporânea – UFSCar
71. GP – DARAF - Grupo Pesquisas para o Desenvolvimento dos Assentamentos Rurais e da Agricultura Familiar – ESALQ-USP
72. Grupo de Pesquisa Trabalho, Organização Social e Comunitária – Depto. Psicologia - UFSCar
73. Instituto Ambiente em Foco – Piracicaba - SP
74. Instituto Cultural Lindolpho Silva
75. Instituto de Educação e Pesquisa Ambiental Planeta Verde – Taquaritinga
76. MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
77. Movimento Estudantil A Hora é Essa Ousar Lutar, Ousar Vencer
78. MEGaia – Movimento Estudantil Gaia – Barão de Mauá – Ribeirão Preto
79. MLST – Movimento de Libertação dos Sem Terra
80. Movimento das Artes – Ribeirão Preto
81. Movimento do Ministério Público Democrático
82. Movimento da Não Violência - Franca
83. MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
84. MULECA – Movimento Universitário Livre de Educação Cultura e Arte
85. NATRA – Núcleo Agrário “Terra e Raiz” – UNESP - Franca
86. NEPA – Núcleo de Pesquisa em Política Ambiental – EESC-USP
87. NEPED – Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres – Depto. Sociologia - UFSCar
88. OCA – Laboratório de Educação e Política Ambiental – ESALQ - USP
89. ONG Ribeirão Em Cena
90. Organizacion Nacional “La Minga” - Colombia
91. Pastorais Sociais da Arquidiocese de Ribeirão Preto
92. Pastoral da Terra e dos Trabalhadores Migrantes – Lins - SP
93. PCB – Partido Comunista Brasileiro — Secretaria Estadual
94. PCdoB – Partido Comunista do Brasil – Comitê Municipal
95. PDT – Partido Democrático Trabalhista
96. PRÁXIS – Instituto de Políticas Públicas
97. PRODEMA – Proteção e Defesa do Meio Ambiente – Jandira-SP
98. PSOL – Partido Socialismo e Liberdade
99. PSTU – Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados
100. PT – Partido dos Trabalhadores – Diretório Municipal de Ribeirão Preto
101. PV – Partido Verde – Araraquara
102. PV – Partido Verde - Nordeste Paulista
103. PV – Partido Verde - Franca
104. Rede de ONGs da Mata Atlântica
105. SAJU – Serviço de Assessoria Jurídica Universitária - Direito -SP
106. SARA – Serviço de Aprendizagem Rural ao Adolescente – Cravinhos-SP
107. SASP – Sindicato dos Arquitetos do Estado de São Paulo
108. Secretaria Acadêmica Pró-Ambiental – Engenharia Ambiental – USP – São Carlos
109. Seminário Gramsci
110. Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto
111. Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos – Ribeirão Preto
112. Sindicato dos Trabalhadores Rurais União e Luta – Paraguaçu Paulista - SP
113. SINSPREV – Sindicato dos Trabalhadores em Saúde e Previdência – Ribeirão Preto
114. Sociedade Ecológica Boca da Mata - Cajuru
115. S.O.S. Mata Atlântica
116. Teia da Vida – Vivências Ambientais
117. UBES – União Brasileira dos Estudantes Secundaristas
118. UEE – União Estadual dos Estudantes – São Paulo
119. UJS – União da Juventude Socialista
120. UNE – União Nacional dos Estudantes
121. UPES – União Paulista dos Estudantes Secundaristas
122. Via Campesina

Ato em defesa do Código Florestal


Sucesso total e absoluto do Ato em Defesa do Código Florestal em Ribeirão Preto. Mais de cem instituições já aderiram à Carta.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CARTA DE RIBEIRÃO PRETO E REGIÃO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL Por Justiça Ambiental, Social e Agrária

Nós, representantes de movimentos ambientalistas, sociais, sindicais e estudantis, de partidos políticos, da comunidade científica, de instituições públicas e de outras entidades da sociedade civil organizada, participantes do ATO PÚBLICO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL, realizado no dia 29 de janeiro de 2010, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto,

I - Considerando:

a) a tentativa de desmonte da legislação ambiental brasileira, patrocinada pela bancada ruralista do Congresso Nacional, que, em prejuízo dos interesses do povo brasileiro, apresentou diversos projetos de lei que visam revogar ou modificar o Código Florestal (Lei nº 4.771/65), a Lei de Política Nacional do Meio Ambiente (Lei nº 6.938/81), a Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) e a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (Lei nº 9.985/2000);

b) a prevalência dos interesses corporativos de grandes grupos econômicos ligados ao agronegócio nas propostas de alteração das leis ambientais, contrariando as medidas necessárias à proteção dos recursos naturais;

c) a restrita divulgação das audiências públicas promovidas pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, capitaneada pelos ruralistas, para o debate desses projetos de lei;

d) a magnitude dos desastres ambientais causados pela perversa combinação entre mudanças climáticas, pobreza, expansão devastadora do agronegócio, pressão da especulação imobiliária e descumprimento da legislação protetiva;

e) a redução, a ocupação e a exploração das áreas de preservação permanente e de reserva legal previstas nas propostas de alteração do Código Florestal, e os prejuízos que poderão causar:

• à biodiversidade, porque reduz o número de espécies da flora e da fauna; reduz o fluxo gênico; provoca a erosão genética e a perda de habitat de espécies da fauna;
• ao equilíbrio climático, porque diminui a umidade relativa do ar; eleva as temperaturas médias; modifica o regime de chuvas que ficam cada vez mais concentradas num período do ano;
• ao ciclo hidrológico, porque reduz a vazão dos corpos d’água e favorece a sua contaminação;
• aos solos, porque diminui sua atividade microbiana; aumenta a exposição do solo aos efeitos negativos da radiação solar;
• à saúde pública, porque aumenta os índices de doenças devido ao desconforto climático, à baixa umidade relativa do ar e à invasão de vetores de microorganismos patogênicos;

f) a impunidade gerada pelo adiamento da aplicação das sanções relacionadas a infrações ambientais praticadas no Brasil;

g) o caráter perverso do padrão de produção agrícola adotado pelo agronegócio, baseado na concentração fundiária, na monocultura de exportação, no uso intensivo de agroquímicos, na exploração do trabalhador e na expulsão do homem do campo;

h) a superioridade do modelo da agricultura familiar para a geração de postos de trabalho e para a produção de alimentos;

i) o descaso do Poder Público em exigir, com base na Constituição da República, o cumprimento da função social da terra;

j) a inércia do Poder Público em desapropriar os imóveis rurais que descumprem a função ambiental, independentemente dos índices de produtividade, como autoriza a Constituição da República;

k) a inércia do Poder Público em desapropriar os imóveis rurais onde ocorrem violações às normas de proteção das relações de trabalho, independentemente dos índices de produtividade, como autoriza a Constituição da República.


II - Reivindicamos:

a) a manutenção da legislação ambiental vigente;

b) a plena e imediata recuperação ambiental das áreas de preservação permanente e de reserva legal;

c) a criação de programa nacional de adequação socioambiental das pequenas unidades de produtores rurais e dos assentamentos da reforma agrária, que contemple:

• estímulo à policultura, à produção agrícola sustentável, à geração de postos de trabalho no campo, à agricultura orgânica, à implantação de agroflorestas;
• programa de assistência técnica contínua e com qualificação para o manejo ambiental;
• fomento para recuperação de áreas de preservação permanente e de reserva legal;
• política de comercialização da produção familiar, para evitar que a agricultura convencional exerça pressão sobre a área preservada;

d) a abertura de amplo processo de debate com a sociedade a respeito dos temas acima elencados;

e) a ampla e prévia divulgação das audiências públicas promovidas pela Comissão Especial da Câmara dos Deputados, para que todos os segmentos da sociedade civil possam efetivamente delas participar.


Nessa quadra da História, o retrocesso na proteção ambiental é inadmissível.

Não permitiremos a submissão da dignidade humana e do bem comum aos desígnios do mercado.

Não admitiremos a subversão do princípio democrático, consagrado nas Constituições contemporâneas, que determina a supremacia do interesse socioambiental sobre o privado.

Continuaremos mobilizados para:

• impedir que a legislação ambiental seja rasgada;
• defender a vida e o desenvolvimento socialmente justo, economicamente inclusivo e ambientalmente sustentável.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ato em defesa do Código Florestal

ATO PÚBLICO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL

Diversas entidades, instituições, organizações e movimentos sociais que compõem o campo democrático da sociedade brasileira promoverão no próximo dia 29 de janeiro, sexta-feira, às 9h00, na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, ATO PÚBLICO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL.
Tal iniciativa tem como objetivo mostrar à população de nossa cidade, de nosso Estado e de nosso país a necessidade da implementação de todas as medidas de preservação e recuperação ambiental previstas hoje no Código Florestal , dentre elas, a averbação e reflorestamento das reservas legais e a recomposição arbórea das áreas de preservação permanente, medidas essas essenciais ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da biodiversidade, ao conforto climático, à prevenção de tragédias ambientais e ao combate à erosão genética.
O evento servirá como contraponto às iniciativas dos setores mais atrasados do ruralismo brasileiro que, capitaneados pela CNA—Confederação Nacional da Agricultura e pelos deputados federais e senadores da chamada “bancada ruralista”, tentam promover mudanças no Código Florestal , que, se aprovadas, tornariam inócuas para o meio ambiente e para a qualidade de vida as medidas nele previstas. Na contramão da História, as propostas dos ruralistas atendem tão somente a interesses corporativos ilegítimos e estão desconectadas da realidade social brasileira e das necessidades ambientais do planeta.
Dada a importância desse evento, estarão presentes representações de entidades internacionais e nacionais do porte do Greenpeace e S.O.S Mata Atlântica (ver lista abaixo).

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PRESENÇAS JÁ CONFIRMADAS (por ordem alfabética):
· ADUSP – Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo
· Associação Amigos do Memorial da Classe Operária
· Associação Cultural e Ecológica Pau-Brasil
· Associação Cultural Humanística
· CEBES – Centro Brasileiro de Estudos em Saúde
· Centro Acadêmico Rui Barbosa da Escola de Educação Física e Esporte da USP
· Centro de Formação Dom Hélder Câmara
· Ciranda em Defesa da Educação Infantil Pública, Gratuita e de Qualidade
· Círculo de Ação Popular José Rosa Melo – CAP-Quintino
· Coletivo Educador Ipê Roxo
· CONLUTAS
· EIV — Estágio Interdisciplinar de Vivência
· Entidade Ambientalista Ibiré
· EXNEEF — Executiva Nacional de Educação Física
· FEPARDO – Federação das Entidades Ambientalistas da Bacia do Rio Pardo
· FERAESP – Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo
· GREENPEACE
· Instituto Cultural Lindolpho Silva
· Movimento do Ministério Público Democrático
· MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
· Pastorais Sociais da Arquidiocese de Ribeirão Preto
· PRÁXIS – Instituto de Políticas Públicas
· Seminário Gramsci
· Sindicato dos Servidores Municipais de Ribeirão Preto
· S.O.S. Mata Atlântica


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CONTATOS:
· Cláudia Perencin – cláudiaperencin@hotmail.com
· Edna Costa – ednacosta@gmail.com
· Edna Martins – ednas.martins@gmail.com
· Kelli Mafort – kmafort@yahoo.com.br
· Manoel Eduardo Tavares Ferreira – metferreira@uol.com.br
· Marcelo Pedroso Goulart – marcelogoulart@uol.com.br
· Mauro Freitas – freimauro@yahoo.com.br
· Paulo Piu Merli Franco – pmerlifranco@yahoo.com.br
· Simone Kandratavicius – simonekandra@hotmail.com

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ato em defesa do Código Florestal

URGENTE!!!
REUNIÃO DE ORGANIZAÇÃO DO ATO EM DEFESA DO CÓDIGO FLORESTAL

Em virtude da Audiência Pública que ocorrerá no dia 03/02 às 15h no Centro de Convenções Ribeirão Preto à Rua Bernardino de Campos nº 999, chamada pela Comissão Especial do CÓDIGO FLORESTAL BRASILEIRO, (presidida pelo Deputado Moacir Micheletto, com relatoria do Deputado Aldo Rebelo) a pedido do Deputado Duarte Nogueira com o objetivo de ampliar o debate em torno da mudança da legislação ambiental, notadamente no Código Florestal, na Lei de Política Nacional de Meio Ambiente e na Lei de Crimes Ambientais, a Sociedade Civil se mobiliza contra as alterações e convida a todos para participarem de uma reunião no Memorial da Classe Operária-UGT, na Rua José Bonifácio nº 59, Sexta-feira, 22 de Janeiro, às 19h30.


Pauta:
Preparativos para o ATO de 29 de Janeiro às 8h30min na Câmara Municipal (no dia 29 precisamos lotar o plenário da Câmara).


Contamos com a presença de todos.


Favor convidar e levar outras pessoas e representantes de entidades/movimentos que possam contribuir e engrossar nossa luta.


Mobilize-se e mobilize.